Entre as 15 ou 16 pens encontradas em São Bento, há uma com duas iniciais. Correspondem ao nome de um homem condenado há seis anos por guardar ilegalmente dados privados de centenas de funcionários do Estado. A SIC teve acesso à lista de 81 ficheiros informáticos e pelo menos 18 são apenas de espiões das secretas.
O Ministério Público suspeita que, na pen encontrada no cofre do antigo chefe de gabinete de António Costa, estão os mesmos 81 ficheiros que foram recolhidos ilegalmente a 3 de junho de 2019 por um ex-funcionário da Segurança Social.
Às 15:19 horas desse dia está registada informação pessoal de um agente SIS André. Do Diretor Nacional da Policia Judiciária, da famíliae a morada da anterior Procuradora-Geral da República.
Um minuto depois os ficheiros chamam-se "PGR - Rendimentos Anuais", "PGR" e "Família" e surgem as 18 listas de espiões do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e do Serviço de Informações de Segurança (SIS).
Entre os 81 ficheiros com centenas de informações pessoais de espiões e inspetores estão também, provavelmente, os de colegas ou chefes do homem que invadiu o sistema informático.
Já depois de ser condenado, a justiça entregou-lhe os objetos apreendidos à exceção de um portátil e os juízes nunca souberam se tinha sido o único a chegar às listas de espiões e inspetores.
Vitor Escária constituído arguido novamente
Num acórdão, agora consultado pela SIC, os juízes do Tribunal da Relação de Lisboa escrevem em 2019 que não estão seguros quanto ao local onde ficaram armazenados os dados.
Se numa pen ou num disco rígido, se em duplicado ou triplicado. Uma dessas cópias poderá estar na pen encontrada há mais de um ano no gabinete de Vitor Escária.
O antigo chefe de gabinete de António Costa garantiu aos procuradores que a pen já lá estava quando passou a trabalhar em São Bento. É agora arguido em mais um dos quatro processos em que se dividiu a Operação Influencer.