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Marcelo lembra Aga Khan como "homem da paz" e prepara-se para receber sucessor

O Presidente da Repúblca adiantou que o sucessor de Aga Khan IV é "muito virado" para a juventude, para as novas questões sociais e para a questão "da paz e da guerra e dos entendimentos universais".

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O Presidente da República foi uma das personalidades que participaram no arranque das cerimónias fúnebres de Aga Khan. O líder dos xiitas ismailis morreu em Lisboa aos 88 anos e deixa um legado de paz lembrado pelos participantes da cerimónia que decorreu no Centro Ismaili.

"Como grande líder espiritual, não apenas religioso mas espiritual, foi um homem da paz, foi um homem da concórdia, foi um homem da capacidade de diálogo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, referindo-se ao legado do príncipe Karim al Hussaini.

Além de líder espiritual de uma comunidade espalhada pelo mundo, o príncipe Aga Khan IV foi também um líder político, no que de político encerra e revela a diplomacia. Figura próxima dos grandes dirigentes mundiais das últimas décadas, é natural que a sua qualidade enquanto diplomata seja invocada por Paulo Rangel.

"O príncipe Aga Khan IV foi sem dúvida um grande ator na paz, no diálogo inter-religioso e na ajuda ao desenvolvimento, na ajuda humanitária de tantas regiões do globo onde há profundas dificuldades, às vezes até de sobrevivência, portanto essa sua compaixão, essa sua dedicação à causa da humanidade tem de ser, obviamente, sublinhada", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, prestando homenagem e condolências em representação do Governo português.

Invocar um passado de paz em tempos de guerra mais não significa que exaltar o pacificador, mantê-lo longe da mediania. O príncipe Aga Khan IV nunca foi mediano, antes um fiel seguidor dos seus próprios ensinamentos, que decidiu passar ao invés de impôr.

Relativamente ao seu sucessor, o seu filho mais velho, o príncipe Rahim, agora Aga Khan V, que iniciará funções "a partir da próxima terça-feira", o Presidente da República disse que tem "exatamente a mesma visão" do seu pai, mas com "um estilo diferente", porque "ainda viajou mais" e "conheceu muitas das comunidades que hoje são diferentes do que eram".

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que o príncipe Rahim é "muito virado" para a juventude, para as novas questões sociais e para a questão "da paz e da guerra e dos entendimentos universais".

"Vai ser agora o líder espiritual para um mundo que está a nascer", perspetivou, considerando que Aga Khan V vai continuar o trabalho da comunidade Ismaili, "mas a renovação agora é profunda, porque o mundo está a mudar muito".

Na próxima terça-feira, o passado será oficialmente futuro. No Palacete Henrique de Mendonça, a comunidade Ismaili de todo o mundo, assistirá à entronização ou investidura do Príncipe Rahim Aga Khan. Sucessor por vontade testamentária e hereditária do pai, torna-se o Aga Khan V e o 50.º Iman de uma história com 1.400 anos.