O caos nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia tem feito disparar o número de partos em ambulâncias. Segundo a Liga dos Bombeiros, no último ano nasceram cerca de 50 bebés quando durante o transporte para a maternidade.
Nascer numa ambulância era, há cerca de uma década, um acontecimento esporádico. Mas as circunstâncias agravaram-se nos últimos anos. Se, em 2023, terão nascido em trânsito 13 bebés, em 2025 os números são bem diferentes.
“Já vamos em 36 bebés nascidos em ambulâncias”, afirma Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM). “Tivemos agora duas fatalidades e isto não é aceitável.”
O fecho intermitente das urgências de Ginecologia e Obstetrícia, por falta de especialistas para preencherem as escalas, tem obrigado as grávidas a ter os partos mais longe da área de residência. E há regiões mais afetadas do que outras.
“Os constrangimentos que têm vindo a acontecer, principalmente na Península de Setúbal - o Hospital do Barreiro, o Hospital de Almada e o Hospital de Setúbal - concorrem para que aconteçam muitos partos fora das unidades hospitalares”, explica Miguel Saldanha, comandante dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste.
“Temos sentido, nos últimos tempos, que estamos a fazer mais partos do que o normal.”
Os bombeiros têm sido, em muitos destes casos, o porto seguro das parturientes. Este fenómeno tem criado a necessidade de os bombeiros reforçarem a aprendizagem nesta especialidade.
“Na semana passada, a mesma equipa pré-hospitalar efetuou dois partos no mesmo dia. Um numa residência e outro no interior de uma das nossas ambulâncias. Eu entendo que os meus operacionais têm de estar preparados”, declara Miguel Saldanha.
A chegada do verão, natural período de férias dos profissionais de saúde e consequente encerramento de urgências, pode prenunciar um aumento destes casos.