A comunidade Sikh de Portugal queixa-se do aumento do racismo e da discriminação, com agressões constantes aos imigrantes, e pede maior apoio das autoridades. Uma equipa de reportagem da SIC esteve no templo da comunidade em Odivelas e ouviu as principais preocupações de quem passou a ter medo de andar na rua.
É barra a matemática. O irmão prefere a bola nos pés. Mas há algo recente que os preocupa.
"Às vezes há racismo, na escola. Há pessoas que vão dizer 'volta para o teu país'".
A discriminação tem aumentado, avisa a comunidade.
No templo em Odivelas, onde milhares de Sikhs se juntam todos os dias para orar, multiplicam-se os relatos de violência e racismo.
Passou a ter medo de andar na rua por usar turbante.
"Já aconteceu duas vezes falarem-me mal. Eu estava a tomar café, um senhor estava a tomar cerveja e começou a dizer-me: 'Volta para a tua terra'."
Apontam o dedo à extrema-direita e às mensagens de ódio alimentadas pelas redes sociais. Pedem maior apoio das autoridades.
A comunidade em Portugal já soma mais de 80 mil pessoas. Muitas almoçam na cantina todos os dias, sem pagar um cêntimo.
A maior parte destes imigrantes fixou-se nos últimos cinco anos na Grande Lisboa, sobretudo, nos setores do comércio e dos transportes.
"Estamos cá para trabalhar, viver. Agradeço a este país que nos deu lugar para viver e uma casa para dormir."
Nas ruas, são muitas vezes confundidos com grupos extremistas islâmicos, como os talibans devido ao turbante na cabeça e a barba que nunca é cortada por questões religiosas.
Rajveer, de 18 anos, quer ser advogado e defender os direitos da comunidade. Diz que o conhecimento é a melhor arma contra a discriminação e a intolerância religiosa.
Criado no Punjab, na Índia, o sikhismo é uma religião monoteísta pacífica defensora da igualdade, justiça e serviço à humanidade. Rejeita uma sociedade por castas.
Não são muçulmanos, nem cristãos, nem hindus, mas sublinham que têm os mesmos direitos de viver em Portugal e ajudar o país a crescer sem discriminação.