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Vítor Escária, ex-chefe de gabinete de Costa, vai liderar Instituto Superior de Gestão

Novo cargo foi anunciado num comunicado da escola de gestão do grupo Lusófona sem mencionar passado político de Escária, arguido na operação judicial que levou à queda do Governo socialista.

Vítor Escária, ex-chefe de gabinete de Costa, vai liderar Instituto Superior de Gestão
@FERNANDO PICARRA

Vítor Escária, antigo chefe do gabinete de António Costa e arguido na operação judicial que levou à queda do Governo de António Costa, é o novo diretor do Instituto Superior de Gestão.

O novo cargo foi anunciado esta terça-feira num comunicado da escola de gestão do grupo Lusófona partilhado tanto nas redes sociais quanto no site da instituição. A nota destaca a experiência profissional de Vítor Escária no ensino e na economia, embora não refira o percurso político deste, nomeadamente que, para além de chefe de gabinete de António Costa, foi também assessor de José Sócrates, agora julgado no âmbito do processo Operação Marquês.

"Doutorado em Economia na Universidade de York (Reino Unido), Mestre em Economia Monetária e Financeira e Licenciado em Economia no ISEG, é autor de diversos artigos científicos em revistas científicas", detalha o comunicado.

Esta acrescenta que Escária "supervisionou ainda diversas dissertações de mestrado e várias teses de doutoramento" tendo "como áreas de especialização a economia do mercado de trabalho e a política económica".

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75 mil euros em prateleira e a 'pen' com dados de agentes das Secretas

Recorde-se que Escária foi detido em novembro de 2023, quando houve buscas em São Bento. Guardava mais de 75 mil euros em dinheiro numa prateleira do escritório, na residência oficial do chefe de governo, resultando dessa descoberta a demissão por António Costa e consequente queda do Governo socialista.

Para além de arguido na Operação Influencer, é ainda arguido num outro inquérito por suspeitas de violação de segredo de Estado. No gabinete de Vitor Escária, foi encontrada, no cofre do seu gabinete de trabalho, uma 'pen-drive' com a identificação e outros dados pessoais de centenas de agentes do Serviço de Informação e Segurança (SIS), Serviço de Informações Estratégicas e Defesa (SIED), Polícia Judiciária (PJ) e Autoridade Tributária (AT).

Operação levou à queda do anterior Governo

Na sequência das descobertas feitas em São Bento, o então primeiro-ministro António Costa apresentou a demissão ao Presidente da República no dia 7 de novembro de 2023, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio.

Os inquéritos-crime com origem na chamada Operação Influencer envolvem o Centro de Dados de Sines, o investimento em lítio, o projeto de hidrogénio e António Costa que, apesar de suspeito, nunca foi constituído arguido.

Na altura, a operação levou à detenção de Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado (consultor e amigo de António Costa), dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que ficaram em liberdade após interrogatório judicial.

Juiz recusou devolver 75 mil euros

O juiz de instrução criminal do processo Influencer recusou em março devolver a Vítor Escária os 75 mil euros que foram apreendidos ao então chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro António Costa.

O advogado Tiago Rodrigues Bastos revelava à data que já tinha recorrido para o Tribunal da Relação de Lisboa da decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal.

A notícia da recusa pelo juiz Nuno Dias Costa da devolução do montante a Vítor Escária foi avançada pelo semanário Expresso. Segundo o jornal, existem indícios da prática de um crime de recebimento indevido de vantagem. O antigo chefe de gabinete de António Costa tem alegado que se trata de rendimentos de trabalhos no estrangeiro.