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No Japão, Montenegro promete acelerar o TGV, mas em Portugal está há quase 4 meses sem permitir que concurso avance

A IP está há quase quatro meses impedida de lançar o concurso para o segundo troço da nova linha ferroviária porque o Governo ainda não autorizou a despesa. O concurso para o último troço da primeira fase da Linha de Alta Velocidade entre Oiã e Soure foi lançado no ano passado, mas acabou por não ser adjudicado.

No Japão, Montenegro promete acelerar o TGV, mas em Portugal está há quase 4 meses sem permitir que concurso avance
ANTÓNIO COTRIM

No último dia de visita oficial ao Japão, Luís Montenegro experimentou um dos mais avançados comboios de alta velocidade do mundo. Percorreu os 500 quilómetros, entre Tóquio e Osaka, em cerca de duas horas. No final, deixou um compromisso: "acelerar ao máximo e não atrasar mais a execução" da Alta Velocidade em Portugal. Mas o discurso de Montenegro, no Japão, contrasta com a realidade em Portugal.

A Infraestruturas de Portugal (IP) está há quase quatro meses impedida de lançar o concurso para o segundo troço da nova linha ferroviária porque o Governo ainda não autorizou a despesa. O concurso para o último troço da primeira fase da Linha de Alta Velocidade (LAV), entre Oiã (concelho de Oliveira do Bairro, Aveiro) e Soure, distrito de Coimbra, foi lançado no ano passado, mas acabou por não ser adjudicado.

Em causa, o facto de o único concorrente que se apresentou ter sido excluído por apresentar uma proposta totalmente diferente do caderno de encargos. Na segunda tentativa de lançar o concurso, a IP mudou os termos. Entre as alterações está o encurtamento do troço em cerca de 10 quilómetros, passando esta fase a terminar em Taveiro, concelho de Coimbra, e não em Soure, como estava inicialmente previsto.

A IP prometeu lançar o concurso a 31 de maio - data que consta no pré-anúncio das condições publicado no jornal oficial da União Europeia - mas tem sido sucessivamente adiado. Passados três meses e meio sobre o dia 31 de maio, o concurso continua por lançar.

À SIC, a Infraestruturas de Portugal deixa bem claro de quem é a responsabilidade: "o lançamento do concurso Oiã-Soure, primeira fase da LAV Porto-Lisboa, ocorrerá imediatamente após a aprovação da despesa associada." Ou seja, o concurso não foi lançado porque o Governo ainda não aprovou a Resolução de Conselho de Ministros que autoriza a despesa.

A SIC pediu esclarecimentos ao Ministério das Infraestruturas que, numa resposta enviada por escrito, disse que "o processo de relançamento da PPP2, referente ao troço da LAV entre Oiã e Soure, encontra-se na sua fase final de aprovação".

Concorrentes vão ter menos tempo

À SIC, o Ministério de Miguel Pinto Luz reiterou "o compromisso deste Governo com o projeto de Alta Velocidade". No entanto, 105 dias depois da data anunciada pelo Executivo para o lançamento do concurso, ainda nem sequer foi aprovada a despesa.

A este atraso soma-se mais um ano perdido desde o lançamento do concurso anterior, o que pode comprometer o objetivo de terminar a primeira fase da obra em 2030, como estava previsto.

Para minimizar o problema, fonte oficial da IP revelou à SIC que, desta vez, os concorrentes terão menos tempo para apresentar propostas. "O prazo para a apresentação de propostas será de 100 dias, dado que a informação prévia do concurso já foi publicada no TED - Suplemento do Jornal Oficial da UE, em maio de 2025."

No concurso anterior, os concorrentes também tiveram acesso às pré-condições do contrato, publicadas no jornal da UE, mas tiveram meio ano para apresentar propostas.

Alta Velocidade Oiã-Taveiro e Nova Estação de Coimbra

O concurso inclui 22 quilómetros de extensão, em via dupla e bitola ibérica, com velocidade máxima de 300 km/hora. Prevê ainda a construção da nova estação de Coimbra, no local onde hoje está a estação de Coimbra-B e a quadruplicação da linha do Norte entre Taveiro e a estação de Coimbra.

O Governo ainda não confirmou o valor base do concurso, mas o ministro das Infraestruturas tinha indicado que o valor se deverá manter nos 1,6 mil milhões de euros a dividir pelos 30 anos do contrato: 5 anos e 6 meses para a fase de desenvolvimento e 24 anos e 6 meses para a fase de disponibilidade.

O projeto de Alta Velocidade promete ligar Lisboa e Porto em cerca de 1h15. Estão previstas ligações diretas entre as duas cidades e outras com paragem em Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia. A linha será construída de norte para sul. Até agora, ainda só foi adjudicado o primeiro troço entre o Porto e Oiã.

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