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Ventura sobre Isaltino e Sócrates: "qualquer dia temos um líder terrorista a dar entrevistas na televisão"

Líder do Chega rejeita falar de reconhecimento da Palestina antes da libertação de reféns argumentando que o país "também nunca reconheceu o Estado Eslâmico". Sobre a polémica que envolve o presidente da Câmara de Oeiras, lamenta que "pessoas que deviam estar presas andem pelas televisões a passear"

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O presidente do Chega marcou presença este domingo na Feira de São Mateus, em Viseu, onde, em declarações aos jornalistas abordou vários temas, desde o reconhecimento da Palestina, à troca de acusações com Isaltino Morais e ainda respondeu à opinião de Cavaco Silva expressa esta semana no jornal Expresso.

Sobre o reconhecimento da Palestina - Portugal reconhece oficialmente o Estado da Palestina este domingo -, Ventura começa por afirmar que, antes dessa tomada de posição, o que deveria ser feito era a libertação de reféns do Hamas, a garantia de direitos às mulheres que, argumenta, "são tratadas como objetos em muitos deles [terroristas]", o fim da corrupção e que se deixe de "patrocinar o terrorismo".

Questionado sobre se era a favor ou contra a tomada de posição de Portugal, o líder do Chega e candidato presidencial afirma que "não tem a ver com poder reconhecer ou não reconhecer" o Estado da Palestina, mas sim de "um caminho que tem de ser feito, que tem que passar pelos reféns serem libertados".

"Então nós estamos a aceitar que terroristas mandem de determinadas partes do mundo quando têm reféns sequestrados e não os libertam? Nós aceitaríamos isso enquanto país?", questiona. De seguida afirma que Portugal "também nunca reconheceu o Estado Islâmico, nunca reconheceu países que eram dominados pelo Estado Islâmico", porque, justifica, "eram terroristas".

Ventura sublinhou ainda que aqueles que o acompanham nesta visita à Feira de São Mateus não querem saber do reconhecimento do Estado da Palestina nem ali estado seja qual for o Estado, "seja de Israel, do Médio Oriente", porque o que as pessoas querem saber é de "corrupção". A declaração, seguida de uma tentativa de mudança de tema, foi imediatamente aplaudida por apoiantes que o ovacionaram.

Fintando as questões dos jornalistas, o líder do Chega abordou a questão das vagas no pré-escolar que "isso sim interessa às pessoas", repetindo em seguida o discurso sobre a prioridade "a quem trabalha" em detrimento dos imigrantes.

"Nós há muito tempo que dizemos que deviam dar prioridade a quem trabalha, que não deviam dar prioridade aos imigrantes, que deviam dar prioridade aos portugueses no acesso às creches", sublinhou, ainda que esta alegação não se confirme como já foi verificado mais do que uma vez pelo Polígrafo SIC.

Isaltino? "Lamento que pessoas que deviam estar presas andem pelas televisões"

No seguimento da corrupção, Ventura é questionado sobre a polémica que envolve o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, indicando que "já disse tudo o que havia a dizer", mas salvaguardando: "a única coisa que lamento é que pessoas que deviam estar presas andem pelas televisões a passear".

"Quer dizer, nós já temos o José Sócrates a dar entrevistas, temos o Isaltino a dar entrevistas, temos o Paulo Pedroso também todas as semanas na televisão. Quer dizer, nós qualquer dia temos um líder de um grupo terrorista a dar entrevistas na televisão e a falar ligeiramente. Portanto, a única resposta que tenho é: eu sou o monstro que vou atrás deles até pagarem aquilo que devem ao país", declarou o candidato às presidenciais de 2026.

O líder do Chega voltou ainda a reafirmar que tanto Isaltino Morais quanto Sócrates ou Paulo Pedroso "são corruptos e ladrões".

Cavaco Silva "não condiciona opinião pública", garante Ventura

André Ventura reagiu ainda ao artigo de opinião de Cavaco Silva publicado no jornal Expresso, no qual o antigo Presidente apresenta várias regras que considera essenciais para o cargo, sendo uma delas o respeito pela Constituição e pela Democracia.

Cavaco falou em regras e procedimentos de bom senso, que são condições necessárias, mas não suficientes. Questionado sobre se encaixava no perfil traçado pelo antigo Presidente, Ventura desvalorizou opinião garantindo que o "cavaquismo, como todos os 'ismos', está ultrapassado".

"O professor Cavaco Silva não condiciona a opinião dos portugueses, não molda a opinião dos portugueses, e vamos ser francos, o cavaquismo, como aliás todos estes ismos, estão ultrapassados", apontou.

Ventura afirmou ainda que caso Cavaco entrasse na Feira naquele momento "não recebia um único aplauso".