Dos oito obstetras do Hospital do Barreiro, seis já têm mais de 55 anos anos, logo, já não têm idade para fazer urgências, diz a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Joana Bordalo e Sá considera, por isso, inútil, a proposta do Ministério da Saúde de mobilizar os especialistas para a urgência do Hospital de Almada.
"Os médicos não podem ser obrigados à força a irem trabalhar num hospital de um concelho diferente, mas mais importante do que estar a fazer propaganda com medidas totalmente inúteis e vazias o que era importante era que o Ministério da Saúde garantisse que o Hospital do Barreiro, o hospital em Almada e o Hospital de Setúbal conseguissem garantir cuidados de proximidade à população e isso não está a ser feito."
O Governo anunciou na semana passada que os "Ministérios da Saúde e das Finanças estão a ultimar o enquadramento jurídico da futura urgência regional da Península de Setúbal", mobilizando os obstetras da região para a urgência do Garcia de Orta, em Almada.
A decisão desagrada aos utentes e aos profissionais porque alegam que deixaria desprotegidas as grávidas de uma faixa considerável da região que serve.
"Estamos a falar de toda uma margem sul da Península de Setúbal que serve também população do Alentejo e, portanto, são dezenas e dezenas de quilómetros que os cidadãos vão ter de percorrer para serem assistidos, o que é absolutamente inaceitável. Acima de tudo o que se está a dizer à população é que não estão garantidos cuidados de proximidade em serviço de urgência de obstetrícia para assistir o parto perto da zona de residência, muito pelo contrário", disse Joana Bordalo e Sá.
A presidente da FNAM diz que o país vai continuar a assistir ao nascimento de bebés "nas estradas e ambulâncias".
A SIC sabe que esta indefinição da situação está a criar ansiedade nas grávidas do Barreiro e a desmotivar os profissionais que não foram consultados, nem formalmente informados sobre o que lhes reserva o futuro.