Nasceu em dezembro de 1983, em Lisboa. Cresceu na zona de São João do Estoril e passava as férias de verão na Praia Grande, onde chegou a viver com os pais e o irmão quatro anos mais novo.
Em criança nunca teve “especial jeito” para o desporto e não tinha o sonho de ser jogador de futebol. “Era muito desajeitado e nunca tive esse tipo de ilusões. Admito a hipótese de ter pensado, com 2 ou 3 anos, em ser bombeiro”, brinca.
Foi sempre um miúdo com uma “curiosidade intelectual anormal”. Ficava horas a ouvir, “com muita atenção”, as conversas dos adultos e com 9 anos já tinha uma paixão: a história.
Uma das memórias de infância é a Queda do Muro de Berlim em 1989. Só tinha 5 anos. “Lembro-me perfeitamente, ia fazer 6 anos em dezembro. Toda a gente via as notícias naquela altura”, recorda.
O pai era militante do PSD e à mesa sempre se debateu política. Não esquece a primeira vez que ouviu a palavra “comunismo”. “Perguntei aos meus pais o que é que se estava a passar na Roménia e a minha mãe falou-me da queda do comunismo”, conta.
É filho de um jurista, mas seguiu Direito na Universidade Nova de Lisboa porque era um “curso amplo”. O irmão seguiu-lhe os passos. Brilhou depois em Harvard, nos Estados Unidos, saiu de lá com mestrado, um doutoramento em Filosofia do Direito, nota máxima e uma distinção da faculdade.
Regressou a Portugal por motivos pessoais e porque o futuro profissional do outro lado do Atlântico não lhe “enchia as medidas”.
Em 2011, deu nas vistas quando participou num programa de televisão - nos “Prós e Contras”. Foi convidado para um debate com Jorge Reis Novais. Ele era apenas um académico, de 29 anos, recém chegado dos Estados Unidos. Ninguém o conhecia. O tema era o conflito entre o Governo de Passos Coelho e o Tribunal Constitucional.
“Ninguém ligava grande coisa ao Tribunal Constitucional, não merecia grande atenção mediática até aquele período da troika. Fui convidado para o programa e critiquei as decisões do TC. O impacto não só positivo. Causou em alguns uma irritação profunda, mas houve outros que ficaram impressionados”, explica.
Aos 32 anos tornou-se o juiz do Tribunal Constitucional, instituição que criticou durante os anos quentes da crise. “Foi inesperado. Há muitos anos que não havia ninguém tão jovem no cargo”.
É casado e tem dois filhos. Gosta de rir e fazer rir os outros, mas o filho mais velho diz que é “muito sério”. Não tem muito tempo livre, tenta tirar 3 horas do dia para ler romances ou biografias políticas e treina sempre de manhã cedo para “não tirar tempo ao dia”.
Gonçalo Almeida Ribeiro, jurista, professor, magistrado, em 2023 eleito vice-presidente do Tribunal Constitucional é o novo convidado do Geração 80. Reservado e com poucas aparições públicas no currículo, conhecemos a infância, vida e o dia-a-dia do juiz Conselheiro do TC. Ouça aqui a entrevista com Francisco Pedro Balsemão.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.