Nasceu em janeiro de 1983, em Lisboa. Cresceu na Madorna onde vivia com os pais e as duas irmãs. Sempre foi a menos “certinha” das três irmãs e a mais enérgica. Com quatro anos, o avô já lhe chamava “teatrista”.
Desde pequena que quer ser atriz e foi a primeira artista da família. Boa aluna a todas as disciplinas e muito curiosa.
O pai conheceu a mãe na Guiné e começaram a vida “do zero” quando se mudaram para Portugal. Primeiro começou a trabalhar nas obras, mas foram as aulas de inglês, português e francês que dava aos colegas nos intervalos do trabalho que lhe proporcionaram uma carreira na FNAC como gerente.
Considera ter crescido numa família semelhante à ONU. O bisavô materno, português, foi para Goa cumprir serviço militar e conheceu lá a bisavó. A família fixou-se em Goa e a mãe acabou por nascer lá. Anos mais tarde, conheceu o futuro marido na Guiné, filho de guineense e de mãe cabo-verdiana. Tem três tias maternas, uma casada com um chinês, outra com um angolano e uma outra com um brasileiro.
“Tenho todos os traços do mundo. Por tudo o que vi em casa, tudo o que comi, nunca me senti estranha no mundo. Tenho sempre a sensação de que tudo me é familiar”, afirma.
Com 9 anos participou na Rua Sésamo, na produção americana. Com 14, fez um curso de teatro e começou a primeira experiência profissional na Rádio Renascença, com um programa para crianças. Mais tarde entrou no Canal Panda e na vida de muitos pais.
“Não consigo passar um ano sem representar. Representar traz-me um bocadinho de mim, através dos problemas das personagens acabou a pensar nos cenários da minha vida. É uma espécie de psicanálise”, admite.
Estreou-se no Dona Maria II com 18 anos e lembra-se que tremeu “como varas verdes” e “nem água conseguia beber”. Tornou-se uma mulher dos sete ofícios e revela que quer voltar a estudar. “Daqui a dois anos quero voltar à faculdade, quero tirar um curso de Direito e um de culinária”.
Gosta do improviso, de desafios e de sair da zona de conforto. É atriz, jornalista, locutora, apresentadora de televisão e faz dobragens. É também presidente da Companhia de Actores e Diretora do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço.
Cláudia Semedo é a convidada do novo episódio do Geração 80. Nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão, recorda a infância na Parede e os primeiros passos na carreira de atriz. Reflete sobre a educação dos filhos e das novas gerações, “cada vez mais individualistas”. Sempre foi uma pessoa positiva e com uma “visão social utópica” mas deixou de o ser.
“Preocupa-me o futuro do país e do mundo. Temos de tirar a cabeça do nosso umbigo”, sublinha. A mudança? “Está nas escolas na educação das futuras gerações. Uma criança nunca se recusará a brincar com outra criança”.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.