O que sente um empreendedor quando vê a sua ideia “morrer” às mãos de um gigante da tecnologia? “Há frustração, claro, mas também há uma enorme aprendizagem. Esse caminho faz-nos crescer”. Aconteceu com Rui Lopes, fundador atual CEO da portuguesa AgentifAI, que se especializou no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial aplicadas à conversação. Ainda na universidade, Rui e os amigos desenvolveram um projeto muito similar ao WhatsApp que hoje conhecemos.
Em 2008 chegou a criar uma empresa para levar a ideia ao mercado, mas o projeto falhou, em parte por falta de capital de risco que reconhecesse o seu potencial. "O WhatsApp teve, logo no início, 8 milhões de dólares de financiamento. Nós demorámos anos a conseguir 75 mil euros", recorda. Rui fez das pedras no caminho o trampolim para a construção de projeto mais robusto que quer desafiar a forma como a comunidade se relaciona com a saúde, ou até com a banca. Em 2016 acumulou a aprendizagem de experiências passadas e criou a AgentifAI.
Natural de Celorico de Basto, no distrito de Braga, Rui Lopes despertou cedo para a tecnologia. Colocou as mãos no seu primeiro computador ainda nos anos 80. Sonhava com o famoso ZX Spectrum, mas o que recebeu veio avariado e os pais trataram de procurar uma solução mais robusta. Só perceberam o real valor do presente que lhe deram anos mais tarde, quando viram a facilidade com que conseguiu emprego na área tecnológica e o percurso de carreira que construiu.
Formado em Engenharia de Sistemas e Informática pela Universidade do Minho, Rui foi desenvolvendo projetos a solo ou com colegas da faculdade. Muitos ficaram pelo caminho, mas “pelo meio tivemos sucessos. Mas o sucesso, ao contrário do fracasso é silencioso”, sublinha. E acrescenta: “não conheço ninguém, com muito sucesso, que não tivesse falhado pelo caminho, que não tivesse feito tentativas que não o levaram a lado nenhum”.
Um desses sucessos é precisamente a empresa que atualmente lidera, a AgentifAI. A tecnológica portuguesa está sedeada em Braga e é a mãe da Alice, a a assistente de IA que permite a marcação de consultas e realização de transações bancárias por voz em empresas como a Lusíadas Saúde, Caixa Geral de Depósitos ou BPI, servindo mais de oito milhões de pessoas.
Falar com máquinas, garante, é muitas vezes mais fácil do que falar com humanos. Mas o grande desafio que Rui persegue é colocar máquinas a falar com empatia e emoção. "Conseguir falar com algo que não é humano é fascinante, mas foram precisos muitos anos para chegar onde estamos hoje. Muitos anos, muito investimento, muitas horas de research e muita gente a trabalhar com muita capacidade para chegar onde estamos, sem desistir. E, na maior parte das vezes o resultado não era bom", sublinha.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: