O Mundo a seus Pés

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O que vai acontecer à guerra na Ucrânia e à faixa de Gaza após as eleições nos EUA? O que farão Trump ou Kamala Harris?

Dependendo de quem for eleito Presidente dos Estados Unidos nas eleições de novembro, o decurso (e eventual fim) dos dois conflitos pode variar muito e afetar, sobretudo, os ucranianos e palestinianos. Oiça aqui o episódio do podcast O Mundo A Seus Pés com Joana Ricarte e Teresa Cravo, ambas professoras da Universidade de Coimbra especializadas em relações internacionais

Com Joe Biden fora da corrida eleitoral, a disputa pela Casa Branca é agora entre o republicano Donald Trump e a demo Kamala Harris. Ambos têm opiniões e posições distintas sobre os dois conflitos que mobilizam o eleitorado norte-americano de forma igualmente diferente.

Em relação à Ucrânia, Trump prometeu a Volodymyr Zelensky “acabar com a guerra” se for eleito nas presidenciais de novembro. De acordo com um plano feito por dois conselheiros do ex-Presidente norte-americano, a Ucrânia só receberá mais armas (do país) se iniciar conversações de paz com a Rússia, e o cessar-fogo será baseado nas linhas de batalha atuais.

O plano não agrada exatamente a Ucrânia. Teresa Cravo, professora de relações internacionais na Universidade de Coimbra, lembra que “Zelensky já foi muito claro em relação ao seu desagrado perante vários discursos de Trump”, para quem “a lógica de paz mais parece capitulação”. Assume que “a Rússia vai para a mesa de negociações sem qualquer intenção de fazer qualquer concessão”, afirma.

Já Joe Biden tem apoiado a Ucrânia desde o primeiro dia, com dezenas de pacotes de ajuda militar avaliados em milhares de milhões de dólares. Espera-se que Kamala Harris — a mais provável candidata presidencial do partido democrata que ainda tem de ser nomeada na convenção em agosto — siga os passos do seu Presidente e continue a mostrar apoio a Kiev.

Sobre a guerra na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel, a vice-presidente norte-americana é mais vocal do que Biden e vai mais longe na condenação da “catástrofe humanitária” provocada pela ofensiva israelita. Kamala defende a solução dos dois Estados, já apelou a um “cessar-fogo imediato” e advertiu que “demasiados inocentes palestinianos foram mortos”.

Aliás, ainda na quinta-feira, depois de se encontrar com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Harris disse que “não ia ficar calada” sobre a situação “devastadora” em Gaza. Esta abordagem mais dura pode valer-lhe mais votos? “Kamala está a tentar buscar uma diversidade muito grande de eleitorado”, sendo “óbvio que não está a falar para o republicano”, responde Joana Ricarte.

A democrata “estabeleceu quatro prioridades” para a mediação do fim do conflito: “segurança do Estado de Israel, regresso a casa dos reféns, o fim do sofrimento dos palestinianos e a autodeterminação do povo da Palestina”, delineia a professora da Universidade de Coimbra, especializada em assuntos do Médio Oriente.

Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a sonoplastia de João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna e Pedro Cordeiro. Subscreva e ouça mais episódios.

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