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Histórias do nuclear: israelita drogado e levado num barco para a prisão e as parcerias secretas entre o Irão, Israel e EUA

Os Estados Unidos uniram-se a Israel para tentar destruir o programa nuclear do Irão, mas ninguém sabe se isso foi realmente o resultado do bombardeamento que levou a República Islâmica a cortar os laços com a Agência Internacional para a Energia Atómica. Por agora tudo o que se sabe é que há centenas de quilos de urânio desaparecido. Mas como é que o maior inimigo do Estados Unidos no Médio Oriente conseguiu desenvolver um programa nuclear, quem é que lhe forneceu a primeira centrifugadora? Como é que o Paquistão chegou à bomba e o que é que aconteceu ao homem que denunciou Israel como Estado nuclear?

Combinados, Estados Unidos e Rússia detêm cerca de 4000 ogivas nucleares, suficiente capacidade para destruir várias vezes todas as principais cidades de ambos os países e centenas de outras em todo o mundo. A invasão da Ucrânia pela Rússia voltou a colocar o tema do nuclear na agenda e o recente ataque dos Estados Unidos a três centrais iranianas, um ato considerado ilegal por muitos especialistas uma vez que não está provada qualquer ameaça iminente de ataque do Irão a qualquer dos aliados dos Estados Unidos no Médio Oriente, elevou o medo para níveis que não víamos desde a crise da Baía dos Porcos, quando um comandante de um submarino soviético decidiu meter o protocolo na gaveta e não disparar como mandavam as regras.

A evolução das utilizações desta energia, que hoje é defendida como uma solução aos combustíveis fósseis e é usada no tratamento do cancro, está cheia de histórias de espiões, acordos secretos, amigos improváveis e castigos severos para quem apenas disse a verdade. O caso do programa nuclear de Israel é um dos segredos mais mal guardados do mundo, e o país ainda não admite oficialmente essa capacidade. Esta política de ambiguidade é criticada por impedir os esforços internacionais para controlar a proliferação nuclear e por potencialmente aumentar as tensões regionais. Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação precisamente porque não quer abandonar essa capacidade. A Índia, o Paquistão, a Coreia do Norte também não assinaram o tratado.

A Rússia contribuiu recentemente para uma certa banalização da ameaça nuclear, precisamente por abordar com frequência o arsenal que possuiu e avançar com a ideia de ataques “táticos”, algo que não existe, devido à pouquíssima capacidade que temos de prever as consequências desse tipo de detonação. O facto de haver países com armas nucleares, declaradas ou não, cuja capacidade ou a quantidade seja ou não conhecida, apenas contribuiu para que outros se sintam encorajados a consegui-las, porque essa é a única dissuasão que realmente funciona. O problema é que essa é também a única arma conhecida capaz de acabar com a humanidade.

Neste episódio falamos com Rui Cardoso, autor de vários livros de investigação histórica, comentador da SIC Notícias e ex-editor e jornalista do Expresso.

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