Fez este domingo uma semana desde que os rebeldes do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS na sigla em inglês), apoiados por outras fações, conquistaram Damasco e repeliram o Presidente Bashar al-Assad, pondo fim a cinco décadas do clã da família Assad na Síria.
Pelo mundo fora, a notícia foi recebida ora com júbilo, ora com desânimo e muita reticência: o HTS é o antigo braço sírio da Al-Qaeda e ainda é, oficialmente, considerado um grupo terrorista pela maioria dos países (incluindo pelos da União Europeia e pelos Estados Unidos).
“Se o que virá a seguir [a Assad] será pior para a Síria], ainda não temos a certeza. Acho que a maior parte das pessoas está à espera para ver, com os dois pés atrás”, afirma Teresa Almeida Cravo, professora de relações internacionais na Universidade de Coimbra e a convidada deste episódio.
O grupo tem tentado passar uma imagem mais moderada desde que se desvinculou da Al-Qaeda, em 2016. Abu Mohammed al-Jolani, o líder do HTS, “tem protagonizado uma mudança do ponto de vista da retórica, e o essencial aqui é perceber se o grupo está efetivamente a transformar-se num grupo nacionalista focado na Síria, em vez de [fazer] parte do movimento jihadista global”.
O governo de transição, com uma duração de três meses, vai ser presidido por Mohamed al-Bashir, nomeado primeiro-ministro interino e uma figura de destaque da oposição. Para Teresa Almeida Cravo, “o principal desafio, em termos de governação, é garantir um governo que seja unificado e inclusivo, porque há uma realidade belíssima na Síria: é dos países mais etnicamente e religiosamente diversos do mundo, e até agora estava a ser governado sob repressão total”.
Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a sonoplastia de João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna e Pedro Cordeiro. Subscreva e ouça mais episódios.