"Fui informado que tinham desaparecido 800 mil dólares da minha conta, numa aplicação chamada Rioforte".
Carlos Queiroz abriu conta no ES Bankers Dubai, a filial do BES no emirato. O dinheiro que aplicou desapareceu na derrocada do grupo. Lutou para o recuperar: “Fiz coisas de que me envergonho”, confessa.
A filial onde Queiroz confiou revelou-se um dos cenários de fuga de capitais angolanos. Membros influentes da chamada elite angolana, alguns muito próximos de José Eduardo dos Santos, escolheram o ES Bankers Dubai para aplicarem milhões de dólares. Ao contrário de Queiroz, que conseguiu provar que nunca dera ordens para que o dinheiro fosse aplicado nas empresas do GES, a elite angolana fazia questão de distribuir o dinheiro pelas diversas empresas do grupo.
Entre Angola e o Dubai estabeleceu-se uma ponte aérea que ia alimentando as descapitalizadas empresas do GES.
E o Banco de Portugal sabia. A história começou a ser-lhe relatada por escrito em 2010.
Reportagem de Pedro Coelho, com imagem de José Silva com Luís Pinto e 4KFly. Edição de Imagem de Rui Berton, produção editorial de Diana Matias, grafismo de César Ribeiro, Luís Bispo e Sérgio Maduro.