Nasceu no Porto, em 1977, e com apenas três anos mudou-se para Guimarães, cidade onde cresceu e viveu vários anos. O pai, industrial, chegou a trabalhar na Câmara Municipal de Guimarães. “Não era um homem rico”, conta, mas havia algum “preconceito”. “Guimarães era, na altura, a cidade dos novos ricos”.
Durante a conversa, Cecília Meireles recorda a irmã Marcela que tinha uma deficiência profunda e que morreu há dois anos. Na memória ficou a luta que a mãe travou para conseguir encontrar um lugar numa escola para a irmã e a forma como olhavam para a família.
“A maneira como apontavam o dedo marcou-me muito”, confessa. Marcou tanto que passou a querer ser “a voz” da irmã. Talvez tenha sido por isso que entrou para a política.

A escolha política
Aos 18 anos foi bater à porta de todos os partidos para perceber com qual é que se identificava mais. Na altura, “Portugal era o cavaquismo”, mas como leitora “ávida” do jornal Independente aproximou-se do CDS, o único partido com o qual se identificou (até hoje).
Foi secretária de Estado do Turismo do Governo de Pedro Passos Coelho e numa das fotografias que trouxe para o podcast “Geração 70” lembrou o “Portugal do antigamente”, onde o “turismo era o sol e o mar do Algarve”. Destaca uma viagem a Coimbra, ao Portugal dos Pequeninos, e deixa uma certeza: “Nunca acreditei que fôssemos um Portugal dos Pequeninos. Portugal é do tamanho que quiser ser. Nós é que nos diminuímos”.
“Portugal não é só Turismo e não pode ser só Turismo. Este é um modelo de desenvolvimento errado. O resto é preciso desenvolver-se”, diz.
A política não era para mulheres
Quando começou na política “não era coisa de mulheres”, hoje é bem diferente, mas admite que na direita “há um longo caminho a percorrer.”
Deixou a política numa fase complicada do CDS e não esconde: “foi uma decisão pensada, mas muito sofrida. Houve um momento em que já não reconhecia o meu partido”. Fala de como o CDS se afundou e de como hoje tenta sobreviver: “O CDS começou a fechar-se sobre si próprio. E isso tirou-lhe a capacidade de perceber o país”.
Sem receios, fala da chegada do Chega e da Iniciativa Liberal, partidos que não considera uma “ameaça” para o renascimento do CDS - “há um espaço por preencher”, falta uma “direita responsável” no Parlamento. Não é crente e acredita que não faz parte de uma direita “que faz lembrar os velhos tempos”.
A “reconstruir uma vida” e de regresso à advocacia afasta uma candidatura a Bruxelas: “não sou pessoa de andar a saltar de uma vida para a outra”, diz.
“Não vou regressar à política, não sou candidata a Bruxelas.”
“Geração 70“ é uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam.
Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão.