Reportagem Especial

"Vinho da Casa": vindima é tempo de encontro, partilha e festa em Melgaço

Por esta altura do ano, a vindima transforma-se num verdadeiro ritual de comunidade. É feita por mãos amigas, por famílias inteiras que passam os ensinamentos de geração em geração. Vindimar é mais do que colher uvas. É guardar memórias e manter vivo o legado.

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No ponto mais a norte de Portugal, num vale, produzem-se vinhos apreciados em todo o mundo. Em Melgaço, a vindima é também tempo de encontro, partilha e festa. "Vinho da Casa" é a Reportagem Especial deste sábado.

É setembro no Alto Minho e o som das tesouras a cortar os cachos marca o início de mais uma vindima. Entre encostas e vales, reúnem-se família e amigos para uma tradição que atravessa gerações.

A meio da manhã já o sol vai alto e os cestos já pesam faz-se a pausa que todos esperam.

Em 1974, coragem e amor à terra uniram-se e nunca mais se largaram. Num pequeno pedaço de terra de Melgaço nasceu a primeira vinha contínua de Alvarinho.

João Cerdeira convenceu os amigos. Dava-se início a uma revolução silenciosa no vinho português. Começou com uma vinha e nunca mais a região parou de crescer.

Por esta altura do ano, a vindima transforma-se num verdadeiro ritual de comunidade. É feita por mãos amigas, por famílias inteiras que passam os ensinamentos de geração em geração. Vindimar é mais do que colher uvas. É guardar memórias e manter vivo o legado.

Para Paula e David este é o segundo emprego e o que mais os liga à terra.

A região dos vinhos verdes é marcada por uma impressionante diversidade natural que influencia o perfil da vinha e da uva.

Num dia de vindima chegam à adega por vezes 6 a 7 perfis diferentes de uva.

O vinho reflete o que o tempo tem para oferecer ao sabor do clima e de uma comunidade unida pela paixão pela vinha nasceu o clube dos viticultores com 200 produtores.

Aracely Ospina nasceu na Colombia. É la que estão as raízes, mas é em Melgaço que diz estar o futuro. Encontrou no campo e na vinha a mesma paz que sentia quando estava na Colômbia.

A atenção passa dos ovos para os cachos. O ciclo entre capoeira e vinha repete-se a cada dia com o equilíbrio certo para quem faz isto desde os 15 anos, altura em que Fernanda deixou a escola.

A colheita é reflexo de união onde a força da família e dos amigos se entrelaçam na terra.

Como uvas de um cacho só, a história nos vinhos verdes continua a fazer-se com mãos calejadas, corações ligados à terra e um futuro que nasce em cada bago colhido com respeito profundo pela terra e pela união da comunidade ou não fosse este o vinho da casa.