Grande Reportagem SIC

As salas de consumo de drogas em Portugal: "Estou a ver em ti aquilo que eu não quero para mim"

As salas de consumo de drogas em Portugal estão previstas na lei desde 2001. Há três no país: duas fixas, em Lisboa; uma estrutura amovível que é um contentor e é a resposta no Porto e uma unidade móvel, a funcionar apenas na capital. São espaços legais adaptados a quem fuma e injeta drogas ilícitas levadas por quem as vai usar e apenas para consumo próprio.

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Nas salas trabalham assistentes sociais, enfermeiros e os chamados pares, pessoas que já consumiram drogas diariamente e que hoje são adictos em recuperação, como João Santa Maria. João trabalha na sala do GAT (Grupo de Ativistas em Tratamentos) na Mouraria, o In Mouraria.

"A minha função é tentar que as pessoas reduzam o dano no seu consumo de substâncias", explica.

Maria João Santa Maria partilha a vida com João antes dos consumos, durante os consumos e até hoje. Ambos garantem que estão "limpos" de drogas e empenhados em estar ao lado de quem consome para facilitar precisamente os consumos, garantir segurança e higiene no uso dos materiais, prevenir e dar respostas a possíveis overdoses e abrir portas a quem quiser seguir outro caminho.

"Eu quando comecei a trabalhar com drogas, logo no início, dizia aos meus utentes - e eles ficavam em brasa comigo - quando eles me perguntavam: -"então não te faz confusão?", -"Eu não, pá! Eu estou a ver em ti aquilo que eu não quero para mim", conta, sem hesitações, Maria João.

Na Grande Reportagem "Muitos anos na Vida, Salas de Consumo assistido", a SIC acompanha o trabalho dos pares, ouve a opinião dos consumidores que usam as salas e faz o diagnóstico ao estado de saúde de uma estrutura e um trabalho cada vez mais aceite, mas ainda pouco conhecido pela sociedade portuguesa num país onde, desde 2001, comprar, ter (determinadas quantias) e consumir drogas não é crime.