"Porque é que só temos um quarto?"
Desde que nasceu que Logen vive em alojamentos temporários nos arredores de Londres. A mãe trabalha a tempo inteiro, é gestora de projetos numa empresa de tecnologia, mas não consegue encontrar uma casa por um valor que conseguisse pagar. Aos 30 anos, Nicole Hamilton lamenta ter de pedir ajuda para viver.
"Não sinto que seja justo eu ir ao banco alimentar porque eu trabalho e ganho dinheiro, mas não tinha dinheiro no bolso nem comida nos armários. Não tinha comida para dar ao meu filho ou para eu comer."
Nicole e Logan são só um exemplo da crise que se agravou nos últimos anos. Nalgumas zonas de Inglaterra, há crianças que passam mais de cinco anos e meio em alojamentos temporários.
Desde 2020, o tempo que as famílias passam nestes alojamentos aumentou quase 20%. As situações mais graves vivem-se nos arredores de Londres. Com lágrimas nos olhos, a mãe de Logan, diz que vive num sítio que não é seguro para o filho.
"Ele diz-me sempre: 'porque é que só temos um quarto?' E é triste porque eu não sei o que dizer."
"Mesmo quando vou sair com a minha mãe, levo uma faca"
No início de dezembro, um adolescente de 16 anos foi condenado a oito anos de prisão por ter esfaqueado até à morte outro de 15. Na Dinamarca, nos últimos sete anos, o número de jovens detidos com armas quase duplicou.
"- Ando sempre com uma faca, não porque pense usá-la. Não imagino nada pior do que esfaquear alguém.
- Então, porque andas com a faca?
- Porque pode ser necessária."
Aos 14 anos, Priska Russanoff passou a andar com uma faca depois de o namorado ter morrido esfaqueado. Diz que tinha medo e achou que precisava de se proteger, mas nunca pensou em usar a faca contra alguém.
“Percebi que era uma estupidez e que podia acabar mal. Tenho 14 anos, sou uma rapariga, não devo andar por aí com uma faca.”
Os criminologistas dizem que as famílias e as escolas têm um papel fundamental, os jovens devem perceber que o perigo de usar uma faca é maior do que o de não a ter. O governo dinamarquês não seguiu o conselho e decidiu agravar as penas. A medida parece não estar a resultar.
“Não tenho medo da punição, mas ficaria triste porque sei que a minha família ficaria desiludida.”
Perseguida pelo ex-namorado durante meses e o segredo estava no telemóvel
Controlo parental ou perseguição? Aplicações para telemóveis escondem-se da lei. Melody foi perseguida pelo ex-namorado, muito tempo depois de a relação ter acabado. Durante meses, não percebeu como ele a encontrava em locais, a muitos quilómetros de casa, que ninguém sabia que iria visitar.
"Literalmente, não conseguia explicar o que me estava a acontecer, e como me estava a acontecer, e nunca pensei que pudesse ser o meu telemóvel."
Durante o relacionamento, o namorado tinha sido controlador e agressivo, por isso a cada encontro o medo de Melody aumentava. Acabou por descobrir o que se passava, quando levou o telemóvel para uma reparação.
O consumo excessivo de bateria foi o motivo do alerta. Na loja, descobriram a aplicação escondida. A mSpy é comercializada como uma aplicação de controlo parental, mas para os especialistas em cibersegurança dizem que é muito mais do que isso e há outras.
Uma investigação da Sky News identificou 18 aplicações de stalkerware, 14 são vendidas para controlo parental. David Emm, um investigador da Kaspersky, diz que esta é uma tática cada vez mais comum.
"Esta apresentação como aplicação de controlo parental serve apenas para passar no radar legal. Assim podem dizer que o objetivo é perfeitamente legítimo. Penso que isso não passa de uma máscara que usam, e estão a ganhar dinheiro com esta sobreposição de funcionalidades."
Claro que há usos legítimos para estas aplicações, como saber onde estão os filhos, limitar o tempo de utilização dos ecrãs ou controlar o acesso dos menores à internet. Os peritos em violência doméstica dizem que o problema não é a tecnologia, mas a falta de mecanismos de proteção.
Despedida emocionante na Colômbia
Rigo e Javier Belén foram companheiros durante quase sete anos. Com nove meses, o labrador foi treinado para detetar explosivos e passou a fazer parte da guarda nacional da Colômbia e da segurança do Presidente.
Faltavam seis meses para o cão se reformar, quando lhe foi diagnosticado um cancro nos ossos. A decisão foi difícil, mas a eutanásia era a única opção.
Javier Belén, que cuidou de Rigo desde que ele tinha nove meses, não conseguiu esconder as lágrimas.
“Mais do que um colega de trabalho, era um companheiro de vida. Nestes seis anos, passei mais tempo com ele do que com a minha própria família.”
Antes da despedida, Rigo foi homenageado na Casa Nariño, o palácio do Governo, em Bogotá.