Saúde e Bem-estar

Peritos querem que seja divulgado relatório sobre óbitos maternos

Peritos em saúde materna querem que seja divulgado o relatório sobre óbitos maternos. O documento, elaborado por uma comissão, criada há quatro anos, está nas mãos da Direção Geral da Saúde.

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Os dados de 2020 lançaram o alerta. Nesse ano, 17 mulheres morreram durante a gravidez, durante o parto ou no puerpério. Uma taxa que não se registava desde o início da década de 80.

"Acho que se tem notado, um pouco por toda a Europa, um crescimento das mortes maternas. Tem um pouco a ver com a chegada de imigrantes que têm menor acesso aos cuidados de saúde e tem haver também com várias mulheres que decidem engravidar mais tarde e sobretudo com mais doenças. Independentemente dos riscos que estão associados a essas doenças essas mulheres decidem engravidar e correm riscos", explicou Diogo Ayres-de-Campos, presidente da Federação de Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG).

O aumento das mortes maternas poderá estar também relacionado com a forma como passaram a ser notificadas pelos médicos, por via eletrónica.

Para analisar as causas efetivas desses óbitos, foi criada na altura uma comissão de Acompanhamento da Mortalidade Materna.

"Para termos a certeza que estamos a falar de mortes maternas é preciso avaliar não só quando há uma suspeita, mas é preciso haver uma Comissão que avalia caso a caso. De facto houve várias situações que foram identificadas que supostamente tinham sido notificadas como mortes maternas que depois na realidade não correspondiam à verdade", acrescentou Diogo Ayres-de-Campos.

Os peritos aguardam que a Direção Geral da Saúde (DGS) ou o Governo divulguem o relatório técnico.

"Houve uma versão inicial do relatório que foi entregue em 2022, na altura em que era a doutora Marta Temido a ministra da Saúde, e agora esse relatório foi atualizado e foi entregue há cerca de um ou dois meses à Direção Geral de Saúde. A Direção Geral de Saúde é que poderá dizer quando é que enviou para o Governo", garantiu o presidente da Federação de Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia.

Teme-se que o constante encerramento de serviços de urgência de obstetrícia possa ter impacto futuro na mortalidade materna.

"É possível que sim porque temos populações migrantes que estão dependentes do SNS para os seus cuidados e se dificultamos a acessibilidade dessas populações estamos a correr riscos", acrescentou.

A SIC aguarda resposta da Direção Geral da Saúde. Ao Jornal de Notícias, a DGS respondeu que o relatório ainda está a ser desenvolvido e que só fará esclarecimentos quando divulgar o documento.