O Hospital de Vila Franca de Xira fica a apenas 4 km da corporação de bombeiros de Castanheira do Ribatejo, mas com os semáforos das urgências intermitentes e com a indisponibilidade de outras equipas, foram acionados para uma ocorrência na margem sul do Tejo.
No regresso, socorreram uma grávida que acabou por dar à luz a meio caminho. Com o aumento do número de ocorrências deste tipo, a corporação teve de reforçar equipas para continuar a dar resposta.
“Verificou-se nos últimos tempos que o aumento de serviços é maior porque os hospitais de referência muitas vezes, não só na área de obstetrícia, mas também das outras situações, são outros e estamos a perder capacidade instalada o que nos levou a aumentar as equipas”, explica Bartolomeu Castro, bombeiros Castanheira do Ribatejo.
Cada vez mais o local de nascimento é a A1 ou o IP3 e até a Via do Infante mais a sul. Este ano, já nasceram a bordo de uma ambulância pelo menos 41 bebés, principalmente nos últimos meses de verão. A estimativa informal é avançada numa investigação do Semanário Expresso com base nas publicações dos bombeiros nas redes sociais.
Só em agosto, as corporações do concelho de Ourém numa semana realizaram 3 partos a caminho do hospital. Foi desta forma que nasceu Maria Flor, a uma hora de distância do Hospital de Abrantes, a única alternativa segundo o centro de orientação de doentes urgentes, uma vez que a urgência de obstetrícia e ginecologia de Leiria estava fechada. Também António não aguentou a distância e chegou antes do destino final, a Maternidade Bissaya Barreto em Coimbra. O cenário repetiu-se em Benavente. Catarina nasceu em plena rotunda da nacional 10 durante o trajeto previsto de 140 km até Abrantes. Não havia resposta mais perto.
As regiões com mais casos são também as que registam constrangimentos frequentes nas maternidades, como é o caso de Setúbal, Leiria e Santarém.
“Um serviço que poderia demorar a chegar ao hospital em média 12 minutos, triplica ou quadruplica e isso leva a estas situações. Depois claro, também a falta de capacidade porque as equipas estarem ocupadas demoram mais tempo, isso pode afetar a disponibilidade das equipas para outros serviços pré-hospitalares”, explica Bartolomeu Castro.
Contactado pela SIC, o Ministério da Saúde não esclareceu os dados em tempo útil, mas ao semanário Expresso adiantou que, com base nos registos do INEM, apenas ocorreram 18 partos em ambulâncias. Referiu, no entanto, que os números não contabilizam transportes secundários ou situações sem chamada 112.