Crise na Ucrânia

UE deve evitar atitudes "excessivamente radicais" sobre Rússia, diz Rui Machete

O ministro dos Negócios Estrangeiros português  defendeu hoje que a União Europeia tem de "chamar à realidade" a Rússia  para as consequências de uma intervenção na Ucrânia, mas deve evitar atitudes  "excessivamente radicais" para "evitar ruturas".

Os serviços militares russos continuam a marcar presença em território ucraniano. (Reuters)
© David Mdzinarishvili / Reuters

Em declarações aos jornalistas à margem da 25ª sessão do Conselho dos  Direitos Humanos, Rui Machete recordou que o que está em jogo na crise da  Ucrânia não é só aquele país e a Crimeia, mas também o futuro das relações  entre a Rússia e a União Europeia.

"É preciso encontrar vias que possam ser percorridas por ambas as entidades  e que permitam o diálogo", disse.

"Não devemos abandonar a ideia de construir uma parceria com a Rússia  e evitar ruturas se puderem ser evitadas", acrescentou.

Questionado sobre a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de  mandar regressar às bases os militares em exercício junto à fronteira com  a Ucrânia, ao mesmo tempo que ameaça "reduzir a zero" a sua dependência  económica dos Estados Unidos em caso de sanções, Machete disse fazer parte  de "um processo complexo".

"Um certo desanuviamento é preciso para depois se poder negociar", explicou  o ministro português, afirmando que entretanto "é preciso ir acertando posições".

Recordando que no conselho dos ministros de Negócios Estrangeiros, na  segunda-feira, em Bruxelas, foram discutidas eventuais sanções à Rússia,  Machete sublinhou tratar-se de"uma forma de chamar à realidade os russos  para as consequências de algumas ações claramente violadoras do direito  internacional".

"Mas, por outro lado, é importante não fechar as portas e continuar  a poder negociar. As coisas que estão em jogo são demasiado importantes  para tomar atitudes excessivamente radicais", afirmou ainda.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após  a queda do ex-presidente Viktor Ianukovich, por causa da Crimeia, península  do sul do país onde se fala russo e está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.

Hoje, o presidente russo anunciou que se reserva o "direito de atuar"  na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos.

Vladimir Putin anunciou também que a Rússia não considera a anexação  da república autónoma da Crimeia ucraniana e negou que as forças russas  estejam a cercar as bases militares na região.

A câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade,  um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças  armadas russas no território da Ucrânia".

Esta decisão surgiu um dia depois da denúncia da Ucrânia de que a Rússia  fez uma "invasão armada" na Crimeia.

 

 

 

 

Lusa