Começa esta quinta-feira a sétima edição da Comic Con Portugal. Depois de em 2020 ter decorrido num edição online, devido à pandemia de Covid-19, o evento dedicado à cultura pop promete trazer ao Altice Arena uma "Nova Esperança".
Paulo Rocha Cardoso, diretor-geral da Comic Con Portugal, destacou, à margem do evento de apresentação que aconteceu esta terça-feira, que o evento deste ano pretende lembrar que todas as pessoas podem ser "heróis no dia-a-dia".
"Nós acreditamos que inspiramos as pessoas a serem uma versão melhor delas próprias, todos nós já fomos crianças, todos nós crescemos com super-heróis, com personagens que adoramos, com referências que fazem parte da nossa personalidade", disse, citado pela Agência Lusa.
Mas será que as histórias de super-heróis influenciam os comportamentos na realidade? Na mitologia grega, os heróis eram considerados modelos a seguir, por reunirem os atributos necessários para enfrentar e resolver os problemas que afligiam a sociedade. Tinham uma dimensão semidivina que usavam para salvar a humanidade. A mitologia deu lugar à ficção e são agora muitos os super-heróis que usam os seus super-poderes na banda desenhada, na literatura ou no cinema.
“As histórias dos heróis acabam, de alguma forma, por relatar o que está a acontecer na sociedade, acabam por ser um reflexo da sociedade moderna que vai evoluindo com os tempos. Estas imagens podem ajudar o indivíduo a identificar-se e querer ter comportamentos semelhantes”, explica à SIC Notícia a psicóloga Ana Félix.
Recentemente, a Marvel e a DC – duas companhias que criaram os mais conhecidos heróis de banda desenhada, como o Homem-Aranha, Capitão América, Homem de Ferro ou o Batman, Super Homem e a Mulher Maravilha – apresentaram novas personagens que pretendem ir ao encontro da sociedade atual, incluindo temas como ameaças as alterações climáticas, os tiroteios nas escolas ou a discriminação de minorias.
Quando o leitor – seja criança ou adulto – se identifica com um determinado herói por partilhar com ele um conjunto de características, é possível que venha a desenvolver um interesse em se comportar de forma semelhante à da personagem que idolatra, promovendo no seu dia-a-dia os valores morais defendidos pelo herói.
No entanto, no caso das crianças, a questão pode tornar-se mais complexa: as histórias de super-heróis estão normalmente associadas a imagens de violência que podem também ser imitados. Além disso, existem ainda os anti-heróis – personagens que normalmente não possuem os mesmos atributos físicos ou morais dos heróis – que apresentam comportamentos de caráter mais duvidoso e que poderão também ter a capacidade as ações. Aqui entra o importante papel dos pais.
“Se formos a camadas mais jovens, eles têm maior dificuldade a discernir o que é ficção e o que é a vida real e podem interpretar a história de uma forma demasiado literal”, alerta ainda. “É importante os pais fazerem um acompanhamento e desmitificar a história, explicar o que se passa e não deixar a criança simplesmente a assistir sozinha. Se o adulto explicar que aquilo é ficção, que na vida devemos defender aqueles valores, mas agir de outra forma, vai ter um impacto completamente diferente”.
Ana Félix destaca ainda que as histórias de super-heróis podem “ajudar as crianças a desenvolver a criatividade, a resolução de problemas devido a esta identificação”.
Os heróis reais que a pandemia criou
Em todas as histórias de super-heróis existe um inimigo que pretende acabar ou dominar a humanidade. Seja as histórias originais do Capitão América, baseadas nos ataques nazis que marcaram a década de 1940, seja nas histórias do Super Homem, onde os ataques vêm de outros planetas.
Em 2020, a ameaça tornou-se real: um vírus atacou a humanidade, matando milhões de pessoas. Perante tal ameaça, passou a haver também verdadeiros heróis: os profissionais de saúde receberam este título pela luta, incansável, contra o novo coronavírus.
“Eles vestiram o papel de heróis, nós tentámos segui-los e ajudá-los ao máximo para que eles conseguissem atingir o objetivo de salvar-nos a todos enquanto sociedade”, lembra Ana Félix. “Sem dúvida que esta definição foi utilizada para ultrapassar esta intempérie que foi colocada no mundo.”
SAIBA MAIS:
- Novo Super-Homem é bissexual e combate os problemas da atualidade
- Ator de "Super-Homem" não está impressionado com a bissexualidade do herói
- Marvel lança primeiro Capitão América homossexual
- Filme "Eternals - Eternos" junta 10 super-heróis de várias etnias
- Comic Con Portugal regressa com limitação de lugares e entrada só com teste negativo