João Lopes

Comentador SIC Notícias

Cultura

Qual a herança de “Avatar”?

O mega-sucesso de James Cameron está de volta aos cinemas, relançando também a questão do consumo dos filmes nas salas escuras.

"Avatar": da estreia de 2009 para a reposição em 2022
"Avatar": da estreia de 2009 para a reposição em 2022

Como tem sido noticiado (ao longo de vários anos…), o filme “Avatar” (2009), de James Cameron, vai ter algumas sequelas, a primeira das quais está agendada para o próximo mês de dezembro. Para já, o original está de volta aos ecrãs de todo o mundo (entre nós, a partir de quinta-feira, dia 22), numa reposição que, obviamente, se destina também a preparar o lançamento da nova produção.

Escusado será dizer que estamos perante um objecto fundamental na história do cinema do século XXI, mesmo que consideremos (é o meu caso) que a sua importância resulta mais do experimentalismo com os recursos digitais e, em particular, o 3D do que da concepção narrativa da parábola de ficção científica — envolvendo, recorde-se, as atribulações do reino de Pandora…

Seja como for, esta é uma reposição que envolve uma muito específica questão cultural e comercial (uma coisa implica sempre a outra) que, naturalmente, era impossível de prever no momento da sua estreia, há 13 anos. De facto, não se trata apenas do relançamento de um grande sucesso, agora em cópia remasterizada em 4K — com especial destaque para as salas IMAX —, mas de um regresso inevitavelmente ligado a uma questão premente da actualidade cinematográfica e cinéfila. A saber: o retorno dos espectadores às salas escuras.

Curiosamente, numa entrevista ao jornal “The New York Times”, o próprio Cameron sublinhou esse aspecto, lembrando que os espectadores mais jovens, mesmo conhecendo “Avatar” (através do Blu-ray ou do streaming), só agora vão ter, finalmente, a oportunidade de o “ver numa sala de cinema”. Está em jogo mais do que uma questão de bilheteira — trata-se de revisitar uma herança, de uma só vez visual e espectacular, fortemente implicada na evolução da cultura visual dominante.