Cultura

Sessão de Cinema: “Kramer contra Kramer”

Meryl Streep ganhou o seu primeiro Óscar com "Kramer contra Kramer"
Meryl Streep ganhou o seu primeiro Óscar com "Kramer contra Kramer"

Foi o grande vencedor dos Óscares referentes a 1979: um drama familiar protagonizado por Dustin Hoffman e Meryl Streep.

Não deixa de ser curioso, mas é também profundamente desconcertante, que por vezes surja uma ideia “avançada” sobre o cinema dos nossos dias. Ou seja: parte-se do princípio que os temas mais perturbantes (ou “fracturantes”, como diz o cliché) são uma “descoberta” dos filmes contemporâneos — como se antes só houvesse coisas mais ou menos ligeiras e pitorescas…

Assim, por exemplo: a observação clínica das convulsões familiares e, em particular, os efeitos concretos que um divórcio pode provocar em pais e filhos. É caso para dizer que vale a pena recuar mais de 40 anos, mais exactamente a 1979, para ver ou rever o magnífico “Kramer contra Kramer”, escrito e dirigido por Robert Benton, tendo como base um romance de Avery Corman. Convém não esquecer que Benton, ainda antes de se estrear na realização, era um argumentista consagrado desde 1967, quando assinou o argumento de “Bonnie e Clyde” (em parceria com David Newman).

Sem generalizações abusivas nem moralismos fáceis, “Kramer contra Kramer” encena uma separação em que, ao contrário de muitas outras ficções, não é o homem que abandona o território familiar, mas sim a mãe. Com um misto de olhar clínico e terna observação, Benton filma tudo isso sem procurar estabelecer qualquer “padrão” de comportamento, antes sublinhando tudo aquilo que faz de cada uma daquelas personagens um ser único e irredutível.

Escusado será lembrar que, ontem como hoje, o impacto de “Kramer contra Kramer” não pode ser dissociado do seu elenco exemplar, liderado por Dustin Hoffman e Meryl Streep — no papel do filho, Justin Henry é um caso notável de uma criança genuinamente talentosa.

Hoffman e Streep ganharam Óscares (ele como actor principal, ela actriz secundária), mas o filme não se ficou por aí: “Kramer contra Kramer” valeu duas estatuetas douradas a Benton (realização e argumento adaptado), acabando mesmo por ser consagrado como melhor filme de 1979 — entre os outros nomeados estavam “Apocalypse Now”, de Francis Ford Coppola, e “All That Jazz”, de Bob Fosse.

Filmin

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