Cultura

Spielberg (ou a tradição ainda é o que era)

Steven Spielberg na rodagem de "Os Fabelmans": memórias pessoais, histórias de Hollywood
Steven Spielberg na rodagem de "Os Fabelmans": memórias pessoais, histórias de Hollywood

O novo filme de Steven Spielberg chega às salas no dia 22 de dezembro: a memória clássica de Hollywood está bem viva.

O novo filme de Steven Spielberg, “Os Fabelmans”, foi apresentado em ante-estreia no LEFFEST (certame que, este ano, também inclui os mais recentes títulos de David Cronenberg, Abel Ferrara ou Jerzy Skolimowski). Como tem sido divulgado, trata-se de um retrato familiar, assumidamente recheado de componentes auto-biográficas: a figura central, Sammy Fabelman (interpretado pelo magnífico Gabriel LaBelle), é um jovem cinéfilo que tudo faz para encaminhar a sua existência no sentido de trabalhar na indústria de Hollywood…

Daqui a algum tempo, teremos, por certo, oportunidade de escalpelizar a riqueza temática e a complexidade emocional do filme — que, em termos simples, me parece ser um dos grandes acontecimentos cinematográficos de 2022 —, até porque a sua estreia não é para já, está agendada para o dia 22 de dezembro.

Seja como for, creio que vale a pena destacar a profunda e sofisticada dimensão tradicional de “Os Fabelmans”. Entenda-se: não se trata de alimentar qualquer nostalgia beata em relação ao cinema do passado (até porque, quase sempre, esse tipo de nostalgia vem acompanhado de um enorme desconhecimento da própria história dos filmes). Trata-se, isso sim, de referir que, uma vez mais, Spielberg se distingue por não abdicar de algo essencial no património de Hollywood. A saber: uma arte narrativa que se fundamenta num trabalho minucioso de argumento e, inseparavelmente, numa elaborada direcção de actores.

Para o argumento, Spielberg volta a contar com o notável Tony Kushner, que com ele já colaborara em “Munique” (2005), “Lincoln” (2012) e “West Side Story” (2021). No elenco, além do já citado jovem protagonista, encontramos, por exemplo, nas personagens dos pais, Michelle Williams e Paul Dano. Sem esquecer uma deliciosa participação de David Lynch, interpretando uma personagem que, a meu ver, importa não revelar…