Cultura

Escritora Ana Blandiana vence Prémio Princesa das Astúrias das Letras 2024

Ana Blandiana é o pseudónimo de Otilia Valeria Coman, nascida em 1942 na Roménia e hoje uma "autora de culto em toda a Europa", com "poemas que se converteram em ícones da luta contra a ditadura comunista", destacou o júri.
Escritora Ana Blandiana vence Prémio Princesa das Astúrias das Letras 2024
DANIEL MIHAILESCU

A escritora romena Ana Blandiana venceu o Prémio Princesa das Astúrias das Letras 2024, por uma obra e um percurso político que mostram uma "capacidade extraordinária de resistência face à censura", anunciou esta quinta-feira a organização.

"A sua escrita, que combina transparência e complexidade, coloca perguntas fundamentais sobre a existência do ser humano, em solidão e sociedade, perante a natureza e a história. Mostrou, com a sua poesia indómita, uma capacidade extraordinária de resistência face à censura", defendeu o júri do prémio, segundo um comunicado da Fundação Princesa das Astúrias, divulgado em Oviedo, no norte de Espanha.

Ana Blandiana é o pseudónimo de Otilia Valeria Coman, nascida em 1942 na Roménia e hoje uma "autora de culto em toda a Europa", com "poemas que se converteram em ícones da luta contra a ditadura comunista", destacou o júri.

Por causa dos primeiros poemas publicados em revistas, em 1959, foi considerada "inimiga do povo" pelo regime comunista da Roménia e proibida de estudar na universidade.

Além de poemas, Ana Blandiana é autora de duas novelas, de contos e de ensaios e iniciou atividade política após o fim da ditadura comunista romena, em 1989, com "uma campanha que promovia a eliminação do legado comunista e a criação de uma sociedade aberta", como destaca o comunicado da Fundação Princesa das Astúrias.

A sua obra está traduzida em mais de vinte idiomas e, em Portugal e em português, foi publicada a antologia de contos com o título "Projetos de Passado", pela editora Cavalo de Ferro, em 2005.

O Prémio Princesa das Astúrias para as Letras foi atribuído em 2023 japonês Haruki Murakami e, em edições anteriores, a escritores como Siri Hustvedt (2019), Leonard Cohen (2011), Amin Maalouf (2010), Margaret Atwood (2008), Nelida Piñon (2005), Arthur Miller (2002), Doris Lessing (2001), Gunter Grass (1999), Mário Vargas Llosa (1986) e Juan Rulfo (1983), entre outros.

São atribuídos anualmente oito Prémios Princesa das Astúrias, que distinguem o "trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário" realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.

O prémio das Letras foi o quinto dos oito Prémios Princesa das Astúrias a ser atribuído este ano, na 44.ª edição destes galardões.

Nas últimas semanas, a Fundação Princesa das Astúrias anunciou a atribuição do Prémio das Artes 2024 ao músico Joan Manuel Serrat, do Prémio de Comunicação e Humanidades à realizadora, desenhadora e ativista iraniana Marjane Satrapi, o Prémio do Desporto à jogadora de badminton espanhola Carolina Marín e o Prémio das Ciências Sociais ao historiador canadiano Michael Ignatieff.

Nas próximas semanas serão decididos os prémios da Cooperação Internacional, da Investigação Científica e Técnica e da Concórdia.

Cada prémio consiste numa escultura do artista espanhol Joan Miró, um diploma, uma insígnia e 50.000 euros.

A cerimónia de entrega dos prémios realiza-se em outubro, em Oviedo.