20 anos depois, Champions volta a jogar-se sem Ronaldo nem Messi. Quais os craques que se seguem?

Maio de 2003. Final italiana na Champions, entre Juventus e AC Milan. Na ‘velha senhora’ de Turim pontificavam jogadores como Buffon, Edgar Davids, Trezeguet e Del Piero. Do lado ‘rossoneri’, aqueles que viriam a sagrar-se campeões europeus nesse ano, brilhavam nomes como Dida, Maldini, Pirlo, Shevchenko e… Rui Costa.

Nesse ano, C. Ronaldo (com 18 anos) dava nas vistas no Sporting Clube de Portugal (viria a ser transferido para o Manchester United nesse verão) e Messi (fazia 16 anos em junho) despontava nas camadas jovens do Barcelona. A partir daí… é História.

Desde 2003/04, ambos dizimaram todos os registos anteriores e deixaram os seus nomes, acredita-se que por muitos anos, no topo das mais variadas tabelas de recordes.

A disputa sobre o melhor marcador de sempre da competição ainda pode demorar uns bons anos (Ronaldo lidera isoladíssimo, com 140 golos; só Messi chega perto, com 129, mas teria de voltar à Europa para beliscar a liderança). Mas, quanto às assistências, a conversa é outra.

Dí Maria, agora ao serviço do Benfica, tem possibilidades reais de chegar ao topo da lista de jogadores com mais passes para golo na história da Champions League, um marco que certamente espreitará. Tem 38 assistências e está apenas a duas de igualar Messi e a quatro de atingir Ronaldo na liderança. Estes números foram desenhados durante as suas passagens pela Juventus, Paris Saint-Germain e Real Madrid.

Na perseguição direta a Dí Maria está Neymar (33) que, pelo menos este ano, não vai avançar no registo - aos 30 anos, transferiu-se do Paris Saint-Germain para os sauditas do Al-Hilal. O mesmo para Benzema (29 assistências), que representa agora o Al-Ittihad, aos 35 anos. Kevin de Bruyne (32 anos, Manchester City) e Muller (34, Bayern de Munique) estão um pouco mais abaixo, com 28 cada, e uma eventual aproximação dependerá das campanhas que as suas equipas fizerem nos próximos anos.

Pepe tem também uma palavra a dizer nas contabilizações estatísticas da prova milionária. Está num conjunto restrito de jogadores que já ouviram o hino da Champions mais de 100 vezes no relvado.

Ronaldo (183 jogos), Pepe (114) e Figo (102) são os únicos portugueses na lista.

O capitão do FC Porto, que voltou a liderar a equipa azul e branca na vitória frente ao Shakthar Donetsk (1-3) na 1.ª jornada do Grupo H, está apenas a um jogo de igualar o histórico defesa espanhol Carles Puyol e poderá também alcançar o antigo médio Xabi Alonso, atual treinador do Bayer Leverkusen (119), isto se marcar presença em todos os jogos da fase de grupos.

Poderá até ultrapassar o defesa brasileiro Roberto Carlos, mas para isso é preciso que o FC Porto avance para os oitavos-de-final.

Fruto sobretudo de várias vitórias consecutivas do Real Madrid nos últimos 10 anos, há quatro jogadores empatados na tabela de títulos da Champions League. Cristiano Ronaldo, Luka Modric, Karim Benzema e Dani Carvajal já levantaram o troféu por cinco vezes. Destes, só Luka Modric e Carvajal disputam a competição esta época, ainda ao serviço dos madrilenos, e podem procurar a sexta vitória.

Caso o Real Madrid não vença esta edição, há outros jogadores que podem igualar os cinco troféus e juntar-se a este grupo já no final desta época: Casemiro (atualmente no Manchester United) e Sérgio Ramos (agora de regresso ao Sevilha).

Há alguns nomes surpreendentes quando se pensa em lendas do futebol que nunca venceram uma Liga dos Campeões. Maradona, Ronaldo Fenómeno, Zlatan Ibrahimovic, Totti e Buffon terminaram as carreiras sem levantar a taça, chamada muitas vezes de ‘orelhuda’ na gíria futebolística.

Atualmente, há também alguns jogadores com registos impressionantes a quem falta este prémio na carreira. Kylian Mbappé surge à cabeça. O jovem internacional francês, que até já venceu um Mundial, procura aos 24 anos a sua primeira vitória na Liga dos Campeões, que há muito lhe vem escapando.

Já esteve numa final, disputada em 2020 no Estádio da Luz, mas o PSG acabou por perder o jogo para o Bayern. Harry Kane, por exemplo, precisamente no Bayern, tem igualmente legítimas expectativas de conquistar o título pela primeira vez.

Há outros jogadores, mais jovens, que também disputam a primeira vitória e serão, certamente, alguns dos principais protagonistas desta edição da Champions:

Jude Bellingham tem tido um início de percurso impressionante no Real Madrid e perfila-se, aos 20 anos, como uma das principais estrelas da temporada. Rafael Leão ajudou o AC Milan a chegar às meias-finais na temporada passada e, se mantiver a forma, pode também sonhar em chegar ainda mais longe desta vez. João Félix, a atravessar um bom momento nos primeiros passos no Barcelona, joga ao lado de Lewandowski e quererá contribuir para que o clube catalão regresse aos patamares de topo de onde tem andado afastado.

Agora numa equipa com menos individualidades e, aparentemente, com uma maior aposta na força coletiva, o PSG terá sempre de ser considerado como um forte candidato. Na equipa de Mbappé há dois portugueses - Danilo, Gonçalo Ramos, Nuno Mendes e Vitinha (foi o MVP na primeira jornada) - e um jogador bem conhecido dos adeptos portugueses, o médio-defensivo Ugarte.

No Nápoles, adversário do SC Braga, Kvaratskhelia e Victor Osimhen procuram dar continuidade às recentes boas campanhas europeias da turma italiana. Xavi Simons, o jovem holandês de 20 anos cedido pelo PSG ao RB Leipzig, também é outra das promessas a ter debaixo de olho. Da mesma idade, Jamal Musiala já tem uma Champions no currículo, mas procura nova vitória, agora com mais preponderância na equipa do Bayern.