À exceção do Partido Socialista, todos os partidos criticaram a transferência dos 850 milhões de euros do fundo de resolução para o Novo Banco antes da auditoria estar concluída. No debate no Parlamento, esta quarta-feira, esteve também em destaque a atribuição de prémios aos gestores do banco, uma medida criticada pelo PS, que pediu a intervenção do Banco de Portugal.
PSD
O deputado Duarte Pacheco não poupou críticas à postura do ministro das Finanças, Mário Centeno, que diz ter agido "do alto da sua tradicional arrogância" quando decidiu dar luz verde à transferência sem dar qualquer explicação ao país. Na intervenção, questionou ainda se o primeiro-ministro, António Costa, está a exercer a sua autoridade no Governo.
BE
Por sua vez, Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, defendeu a proibição da atribuição de bónus aos administradores do Novo Banco, enquanto estiver a "ser salvo com dinheiro público". Disse ainda que qualquer transferência do fundo de resolução deve ser submetida a votação da Assembleia da República.
CDS
Cecília Meireles, do CDS, fez questão de lembrar todas as empresas portuguesas que "esperam e desesperam" pelo apoio do Estado, devido ao coronavírus, sublinhando que o Governo mostrou quais são as suas prioridades ao fazer a transferência para o Novo Banco.
PAN
"Conduta irresponsável e imoral". É assim que o PAN carateriza a posição do Governo, ao injetar capital no banco, sem que antes seja concluída a auditoria. O deputado André Silva lembrou o contexto grave que o país atravessa e que, mais uma vez, o Governo mostrou que "a banca e os interesses instalados estão à frente do cidadão".
PEV
José Luís Ferreira, do partido Os Verdes, criticou a falta de articulação do Governo numa matéria como esta, acrescentando que o Executivo de António Costa está a violar um compromisso assumido com os portugueses.
PS
As críticas do Partido Socialista recaíram sobre os prémios atribuídos aos administrados do Novo Banco. O deputado João Paulo Correia espera uma intervenção do Banco de Portugal para que seja possível bloquear a distribuição de prémios.
PCP
Duarte Alves, do PCP, disse que para o Governo existem "contratos e contratos", e que compromissos como a injeção de capital do Novo Banco são para cumprir "aconteça o que acontecer".
Iniciativa Liberal
De acordo com João Cotrim Figueira, neste caso "a culpa não vai só morrer solteira, como também enjeitada". Disse que a falta de organização entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças é um "triste exercício de irresponsabilidade coletiva".
CHEGA
André Ventura, do Chega, diz que ficou sem perceber quem está a falar a verdade ou quem está a falar mentira. Na sua intervenção, disse ainda que António Costa lançou a recandidatura de Marcelo para a opinião pública, para abafar o caso do Novo Banco.
A "falha" de comunicação no Governo
Na quinta-feira da semana passada, o Fundo de Resolução recebeu mais um empréstimo público no valor de 850 milhões de euros destinado à recapitalização do Novo Banco.
A notícia surgiu depois de António Costa ter garantido no mesmo dia no parlamento, no debate quinzenal, que não haveria mais ajudas até que os resultados da auditoria que está a ser feita ao Novo Banco fossem conhecidos.
Na sexta-feira, o primeiro-ministro explicou que não foi informado pelo Ministério das Finanças do pagamento de 850 milhões de euros, tendo pedido desculpa ao Bloco de Esquerda pela informação errada transmitida durante o debate quinzenal.
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