Num comentário no Jornal das 7 desta terça-feira, José Gomes Ferreira afirmou que todos os portugueses têm a legitimidade de pedir explicações, apesar de ressalvar que formalmente o negócio é legal.
Lembrou ainda que Vítor Bento, administrador do BES após a saída de Ricardo Salgado, já tinha alertado para os perigos de fazer uma venda do banco apressada. "O tempo parece estar a aclarar e a dar razão a Vítor Bento", disse.
José Gomes Ferreira analisou ainda o comunicado do Novo Banco, que alega que não foi pedido nada ao Fundo de Resolução diretamente. O problema, segundo diz, está o no advérbio de modo "diretamente", reforçando que a venda dos 8.500 imóveis do Novo Banco foram abaixo do que deveriam ter sido.
Levanta também questões sobre a triangulação no negócio:
"Alguma coisa têm a esconder para passar por uma triangulação que passa por obscuras sociedades imobiliárias criadas em Lisboa, uns meses antes deste negócio, que têm uma relação com o Luxemburgo, que tem uma ligação com as ilhas Caimão. Mas estão porque é que o fundo não comprou diretamente? O que é que eles têm a esconder?", questiona.
- Novo Banco. O que dizem os partidos sobre a nova polémica
- “Há uma dimensão política e uma dimensão ética que merece resposta cabal para todos os portugueses”
- Primeiro-ministro pediu à PGR que avalie interesses do Estado nas vendas do Novo Banco
- Novo Banco vendeu imóveis a fundo anónimo, deu crédito e foi compensado pelas perdas
- A crise já chegou, mas os políticos não querem que se saiba
A NOVA POLÉMICA QUE ENVOLVE O NOVO BANCO
O Novo Banco vendeu imóveis a fundo anónimo, deu crédito e foi compensado pelas perdas, uma nova polémica que envolve o Novo Banco e os negócios suspeitos já estão a ser investigados pelo Ministério Público.
O banco terá não só vendido cerca de 13 mil imóveis a preço de saldo, como terá financiado o próprio comprador. Além disto, as perdas consequentes destes negócios terão sido pagas pelo Fundo de Resolução.
O jornal Público revela que, em 2018, o Novo Banco vendeu uma carteira de imóveis a um fundo anónimo, sediado nas ilhas Caimão, e chegou mesmo a emprestar ao fundo o dinheiro necessário para comprar os ativos, ou seja, foi ao mesmo tempo o vendedor e o financiador da operação.
A carteira valia 631 milhões de euros, mas foi vendida apenas por 364 e o Fundo de Resolução acabou por ser chamado a cobrir parte das perdas: 260 milhões de euros.
A criação do Fundo, que aconteceu em 2012, prevê que seja injetado dinheiro sempre que as contas do Novo Banco fiquem no vermelho.