Economia

O "jogo de palavras" do Novo Banco explicado por uma economista

Susana Peralta analisa a polémica venda de imóveis do Novo Banco.

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A economista e professora universitária Susana Peralta explica que quando um banco tem ativos arriscados, vendê-los a baixo valor pode não ser uma má decisão. No entanto, este não será o caso no Novo Banco, que vendeu 5.000 imóveis a um preço muito inferior ao do mercado.

"O que é grave é o banco vender os ativos abaixo do valor contabilístico e, além disso, ficar com uma hipoteca sobre esses ativos, uma vez que foram comprados com um empréstimo ao próprio banco. Temos o pior dos mundos: o banco continua a ser quem detém o risco destes ativos e, por outro lado, encaixou uma perda", afirmou a economista numa entrevista à Edição da Noite da SIC Notícias.

Susana Peralta ressalva ainda a importância da supervisão e controlo que o Fundo de Resolução deve ter sobre as contas do banco, como aliás está escrito no contrato, principalmente quando o dinheiro pertence aos contribuintes portugueses. Por isso, acredita que os problemas podem ser evitados ao prestar-se maior atenção na hora de desenhar um contrato.

Ao longo da entrevista, a economista repete várias vezes a palavra escrutínio e transparência, segundo as quais considera que o Governo e o Banco de Portugal se deviam reger quando aplicam dinheiro dos portugueses para, neste caso, salvar um banco.

"Neste momento, é preciso avançar cm uma agenda de recuperação de ativos. Se se vier a verificar que os compradores estavam ligados ao Novo Banco, então o Fundo de Resolução pode vir a reclamar, mas estamos sempre no mesmo problema", rematou.