O banco Credit Suisse afundou mais de 30%, para mínimos históricos, e está agora em risco de colapsar. O Governo suíço está a ser pressionado para intervir e o Banco Central suíço anunciou que está disponível para apoiar, se for necessário. José Gomes Ferreira explica que o banco, pela sua dimensão, comporta riscos sistémicos e defende que “não pode cair”, no sentido de ser liquidado de forma desordenada, porque agrega muitos depositantes e investidores.
“Alguma coisa irá acontecer”
Quais são os caminhos do Credit Suisse agora? O Banco Central da Suíça pode emprestar dinheiro quase sem limite até uma intervenção da própria firma. Esta autoridade bancária local pode decidir fazer uma resolução e “cortar a parte mais complicada”, que é da banca de investimento, “para salvar a parte dos depósitos e da banca comercial”, considera José Gomes Ferreira.
Existe um risco sistémico, ou seja, risco de contaminar o sistema bancário europeu e até global. A possibilidade de mais uma falência pode também levar o Banco Central Europeu a adiar ou a mitigar a subida dos juros prevista para esta quinta-feira.
Problemas que resultaram na crise do banco
Na ótica de Gomes Ferreira, o banco suíço teve uma “péssima regulação”.
“O Credit Suisse é um banco que foi apontado durante anos como um banco sujeito a lavagem de dinheiro”, refere José Gomes Ferreira, esclarecendo que a origem do dinheiro “não era bem fiscalizada”.
Para além disso, registou-se também uma aposta em “produtos com muito risco, que não eram controlados pelo regulador”.
“No caso da Suíça, deixou-se fazer investimentos em loucuras. O que é que acontece quando há uma subida generalizada dos juros, de um lado e do outro do Atlântico? Os investidores tiram dos produtos de risco e vão poder investir em produtos mais seguros”, afirma.
Gomes Ferreira frisa que o Credit Suisse teve uma “fuga de 40% nos depósitos no último trimestre, 140 mil milhões de francos suíços, e 15% de ativos sob gestão que desapareceram”.
Dois níveis de análise
No Jornal da Noite, José Gomes Ferreira estabelece dois níveis de análise.
O banco estabeleceu contratos “fora do mercado”, isto é, “que não estão regulados com outros bancos de investimento europeus.
E a subida generalizada dos juros pelos bancos centrais afeta estes bancos que têm produtos de risco, que nunca resolveram e afetam a médio e longo prazo afetam outros bancos europeus "aparentemente mais sólidos".
“A pressão da subida dos juros pode levar a uma crise financeira generalizada”, remata Gome Ferreira.
Explica que quanto mais sobem os juros, mais fragilizada fica a banca.
Portugueses podem ficar tranquilos?
A realidade portuguesa de supervisão dos bancos é diferente da americana, é muito mais segura.
A bitola da supervisão abrange sobretudo grandes bancos, mas pequenos e médios também estão no radar, assegura Gomes Ferreira.