José Gomes Ferreira analisa, na SIC Notícias, as alterações à subscrição de Certificados de Aforro. O jornalista nota também que a banca beneficia com esta decisão e explica como é que isso acontece.
O alargamento da rede de venda dos Certificados de Aforro já tinha sido defendido e é agora concretizado através do diploma que suspendeu a comercialização dos certificados da série E e criou a série F, com uma taxa de juro mais reduzida
Alargamento serve para “fomentar a concorrência”
José Gomes Ferreira começa por analisar as implicações que o alargamento da venda de Certificados de Aforro aos bancos portugueses tem. O jornalista refere que esta alteração já era esperada e que a mesma serve, tal como disse o Tribunal de Contas, para “fomentar a concorrência”.
Adjetiva esta mudança de “brusca” pelo facto de não ter existido qualquer negociação entre o Estado e a banca para esta passar a vender Certificados de Aforro.
Vinca que os bancos irão cobrar uma comissão ao Estado, tal como já acontece com os CTT. Nota que, não tendo havido negociações, não houve pressão por parte da banca para as alterações anunciadas na sexta-feira.
“[A alteração] Dá muito jeito à banca e esta frase foi-me dita por um banqueiro quando eu lhe perguntei “vocês não pressionaram, mas que vos dá jeito dá” e ele confirmou, dá jeito”, diz o comentador.
Constata que a rede de distribuição que existia era “afunilada” e que este alargamento é “natural”.
Afirma também que o Instituto de Gestão de Crédito Público já deveria “ter feito contas há mais tempo” e que esta decisão “fatalmente teria de acontecer”:
“Os Certificados de Aforro a renderem de base 3,5% depois com prémios de permanência podendo ir aos 4,5% está acima do que é o mercado primário de emissões de dívida, obrigações do tesouro a 10 anos que está a 3%”.
“Um mecanismo de financiamento de curto prazo”
Explica que os portugueses que investem nos Certificados podem resgatar o capital ao fim de três meses o que, a nível de estrutura de financiamento para o Estado, é um mecanismo de financiamento de curto prazo, acrescentando que “se o Estado pode ir emitir a 10 anos com 3% então há aqui uma clara alternativa que é ainda mais favorável”.
“Onde está o favorecimento à banca?” questiona José Gomes Ferreira que explica:
“A emissão de dívida pelo Estado tem vários produtos dos quais, em volume, aquilo que são títulos de dívida com maior volume de recebimento de dinheiro pelo Estado são as obrigações do tesouro, são títulos a mais de um ano e que são emitidos, e não é qualquer português que os pode comprar”.
Pergunta ainda o porquê de neste momento “histórico em que os juros subiram” os portugueses não poderem “ir em paralelo ao mercado primário ou a uma linha de mercado secundário". E Deixa, assim, a questão:
"Porque é que não podemos financiar diretamente o Estado?”