A substituição do cabo que suportava o Elevador da Glória pode estar na origem do trágico acidente que, no passado dia 3 de setembro, provocou a morte de 16 pessoas e fez mais de 20 feridos. A revelação foi feita pelo jornal Expresso, esta sexta-feira, com base em declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST).
O cabo original, totalmente em aço, foi substituído há seis anos por um novo com núcleo em fibra. Apesar da mudança de material, manteve-se o mesmo sistema de fixação ao elevador — e é precisamente esse o fator que pode ter provocado o acidente.
Com o tempo, o novo cabo terá perdido resistência na zona de aperto ao trambolho, devido a fatores como o calor, a vibração e a deformação do material. Segundo os especialistas, a Carris deveria ter testado o novo sistema de amarração após a substituição do cabo — algo que, ao que tudo indica, não foi feito.
O relatório aponta ainda falhas nos travões, que, sem o cabo, não foram capazes de imobilizar as cabinas em movimento. Ou seja, tratava-se de um sistema sem redundância de segurança.
Há também críticas à manutenção feita horas antes do acidente: os especialistas consideram que o tempo dedicado foi claramente insuficiente.