Milhares de afegãos continuam a tentar uma fuga desesperada do domínio talibã. O caos instalou-se junto ao aeroporto de Cabul onde, só nos últimos 4 dias, morreram pelo menos 12 pessoas. As estradas de acesso aos terminais estão a ser controladas e repetem-se os relatos de violência e intimidação.
Movidos pelo desespero, os afegãos continuam a tentar fugir ao regime medieval que regressa ao país 20 anos depois.
Centenas de pessoas tentam saltar os muros do aeroporto de Cabul controlado por 4.500 soldados norte-americanos. Muitos pais apelam aos militares estrangeiros para que lhes salvem os filhos e fazem subir as crianças para os muros. O medo é tanto que há quem se agarre aos aviões que deixam o país, como se tudo fosse menos assustador do que ficar.
Várias pessoas morreram na zona do aeroporto nos últimos 4 dias, vítimas da violência dos talibã que dispersaram as multidões ou em incidentes na pista.
Perante o caos, os militares norte-americanos usaram gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Mas quem olha para o aeroporto como a única possibilidade de fuga às trevas, não abandona o local, mesmo sabendo que são residuais as hipóteses de partir.
Nas últimas 24 horas, 15 países resgataram de Cabul 5 mil pessoas. Para trás ficaram ainda centenas de afegãos que colaboraram com as forças estrangeiras e têm as vidas em risco. Muitos não conseguem sequer chegar ao aeroporto.
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Bancos e edifícios públicos permanecem encerrados. O silêncio deu lugar à música que os talibã proíbem. As armas dos talibã controlam os acessos ao aeroporto e estão espalhadas por toda a capital onde é raro encontrar uma figura feminina.
A partir exilio nos Emirados Árabes Unidos, o presidente deposto falou pela primeira vez. Ashraf Ghani insiste que fugiu para evitar um banho de sangue e nega as acusações de que fugiu com vários sacos de dinheiro, dos cofres do estado.
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