Uma empresa portuguesa contratou, esta semana, uma engenheira afegã que vive em Cabul, mas não está a conseguir um visto para trazê-la para Portugal. O Governo não deu soluções, até agora, e encaminhou o caso para o Alto Comissariado para as Migrações.
A consultora tem sede em Oeiras e presta serviços nos setores da energia e da água. Precisava de contratar uma pessoa para a área de engenharia e, por isso, abriu concurso no passado dia 17. Além da formação obrigatória, exigiam que fosse mulher e afegã.
Dois dias depois de abrir o concurso, uma jovem de 23 anos, que vive em Cabul, respondeu ao anúncio. As competências e o próprio currículo fizeram com que o contrato fosse assinado no dia 22 de agosto.
Com receio de que não fosse fácil trazê-la para Portugal, Filipe Morais Vasconcelos tomou logo medidas e contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas a resposta só chegou esta segunda-feira: o pedido foi encaminhado para o Alto Comissariado para as Migrações e, em momento algum, se falou num visto.
Também a SIC contactou o Ministério, o Conselho Português para os Refugiados e a Embaixada de Portugal no Paquistão. Só o Conselho Português para os Refugiados respondeu. Confirmou ter conhecimento deste e de inúmeros casos idênticos e esclarece que não pode intervir neste tipo de processos e que desconhece os mecanismos a seguir.
A jovem afegã tem uma equipa de 12 pessoas à sua espera. Além de portugueses, vai encontrar também colegas de Itália, França, Tunísia e Equador.
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