O último militar norte-americano abandonou, esta segunda-feira, a cidade de Cabul, 20 anos depois de terem chegado ao país. Apesar das promessas, milhares de afegãos que trabalharam com as forças internacionais não conseguiram sair do terreno. A liderança do país está agora entregue aos talibã.
A imagem que marca o momento final da presença militar norte-americana no Afeganistão mostra o major-general Chris Donahue, o último soldado a abandonar o aeroporto de Cabul. Foi captada quando faltava um minuto para a meia-noite (hora local).
No aeroporto da capital afegã, terminou o vai-vem frenético dos últimos 17 dias, que terá sido responsável por retirar mais de 120 mil pessoas do país. Foi uma das maiores operações de evacuação aérea da história.
Para trás ficou equipamento militar – helicópteros, aviões, veículos – que os norte-americanos garantem ter tornado inoperável. Ficou também um contingente mínimo de 200 cidadãos americanos e muitos milhares de afegãos que trabalharam com as forças internacionais.
Terminada a guerra, começa a diplomacia. A nova embaixada norte-americana foi relocalizada em Doha, no Qatar.
No Afeganistão, inicia-se também uma nova fase. Na cidade de Khost, foi encenado um funeral simbólico com as bandeiras da NATO, Estados Unidos, França e Reino Unido.
As dúvidas sobre a formação do novo Governo afegão mantêm-se. No primeiro dia sem as forças internacionais, houve um reforço militar na zona de Vale de Panjshir, a base tradicional da resistência contra os talibã. O futuro é uma incerteza para os 38 milhões de afegãos.
Teme-se o colapso da economia afegã, com repercussões catastróficas para os estados vizinhos e que podem provocar uma nova onda migratória em direção à Europa. Além disso, continua a operar no terreno o Daesh-K – um grupo extremista rival dos talibã.
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