Afeganistão

"Julgaremos os talibãs pelos atos e não pelas palavras", diz responsável norte-americano

Talibãs anunciaram o Governo provisório, composto por homens, alguns dos quais veteranos extremistas dos anos 1990 e da guerra de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos EUA.

Talibãs numa pista do aeroporto de Cabul, Afeganistão.
Talibãs numa pista do aeroporto de Cabul, Afeganistão.
Stringer .

Os Estados Unidos declararam-se preocupados pela nomeação de alguns ministros talibãs no Afeganistão, mas declararam-se prontos a julgar o Governo "pelos atos" e pela disposição em deixar afegãos sair do país.

"Notamos que a lista dos nomes anunciados é exclusivamente composta por membros dos talibãs ou de aliados próximos e nenhuma mulher", declarou, em Doha, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

"Estamos também preocupados com as ligações e os antecedentes de alguns destes indivíduos. No entanto, julgaremos os talibãs pelos atos e não pelas palavras", sublinhou.

Governo provisório

Os talibãs anunciaram, na terça-feira, o Governo provisório, composto por homens, alguns dos quais veteranos extremistas dos anos 1990 e da guerra de 20 anos contra a coligação internacional liderada pelos EUA.

Um deles, o ministro do Interior nomeado, Sirajuddin Haqqani, que chefiou a rede Haqqani, à qual são atribuídos muitos ataques mortais e raptos, é procurado pelos EUA, que oferecem uma recompensa de cinco milhões de dólares (cerca de 4,22 milhões de euros) pela captura.

Horas antes do anúncio da nomeação do Governo provisório, os talibãs dispersarem a tiro manifestantes em Cabul e prenderam vários jornalistas.

Para a chefia do Governo, os talibãs nomearam Mohammad Hassan Akhund, anunciou o principal porta-voz dos talibãs, mais de três semanas depois da tomada do poder pelo movimento extremista islâmico.

O cofundador dos talibãs, Abdul Ghani Baradar, será o "número dois" do novo executivo, precisou Zabihullah Mujahid, numa conferência de imprensa, em Cabul.

A agência de notícias norte-americana Associated Press indicou que o 'mullah' Hassan Akhund chefiou o Governo dos talibãs durante os últimos anos do antigo regime (1996-2001) e o 'mullah' [designação dada a um muçulmano, educado na teologia islâmica e na lei sagrada] Baradar, que liderou as negociações com os Estados Unidos e assinou o acordo para a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, é um dos dois adjuntos.

O porta-voz anunciou ainda a nomeação do 'mullah' Yaqub [filho do 'mullah' Omar, fundador do movimento e chefe de Estado de facto do Afeganistão durante o antigo regime] para ministro da Defesa. Amir Khan Muttaqi, negociador dos talibãs em Doha, vai chefiar o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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