Alterações Climáticas

Alterações climáticas: duas jovens em greve de fome na entrada da Faculdade de Psicologia

Jovens estão na entrada principal da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) apenas com um garrafão de água, livros, agasalhos e colchões.

Jovens em greve de fome na entrada da Faculdade de Psicologia
Jovens em greve de fome na entrada da Faculdade de Psicologia
Greve Climática Lisboa!

Duas estudantes da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) estão em greve de fome na entrada principal daquele estabelecimento de ensino desde a manhã de terça-feira, num protesto contra as alterações climáticas.

As jovens, Teresa Cintra e Jade Lebre, estão confinadas no acesso principal da FPUL apenas com um garrafão de água, livros, agasalhos e colchões.

A faculdade está ocupada por jovens ativistas desde o dia 26 de abril, numa ação pelo fim aos combustíveis fósseis até 2030 e pela "eletricidade 100% renovável e acessível até 2025".

Os jovens apelam também a que 1.500 pessoas se comprometam a participar num ato de resistência civil no terminal de gás de Sines, no distrito de Setúbal, no sábado.

Em declarações à agência Lusa no local, através da ranhura da porta da FPUL, Teresa Cintra explicou que as estudantes iniciaram a greve de fome no sentido de encorajar o reitor da Universidade Lisboa, Luís Ferreira, para que "apele às pessoas para irem bloquear o porto de Sines".

"Acreditamos que isto é algo que vai trazer bastante visibilidade ao movimento ["Fim ao Fóssil: Ocupa!"] e a esse bloqueio [no porto de Sines] . E esperamos conseguir inspirar a sociedade", realçou.

Teresa Cintra adiantou que está em greve de fome desde as 06:00 de terça-feira.

"Desde essa altura, não comemos. Há mais de 24 horas. Temos apenas um garrafão de água e não comemos", salientou.

A jovem disse ainda que ninguém da direção da FPUL entrou em contacto consigo ou com a sua colega "de forma formal" para atender as reivindicações.

"Só saímos daqui quando o reitor apelar à disrupção. Se não chegarmos a esse entendimento, vamos ver, em consenso com o resto do movimento, como é que vamos prosseguir" as ações de luta, acrescentou, lembrando que a faculdade não está encerrada e que as aulas estão a decorrer com normalidade.

Em jeito de balanço sobre as ocupações nas escolas e universidades, a porta-voz do "Fim ao Fóssil: Ocupa!", Alice Gato, disse que desde o dia 24 de abril "houve uma grande ação" todos os dias.

"Houve uma escola fechada, houve pessoas a bloquearem portões da faculdade... (...) É um pouco cansativo. Estamos longe do objetivo que nós queríamos 1.500 pessoas para irem a Sines, mas mesmo assim já temos mais pessoas a comprometerem-se", observou.

Reconhecendo que dificilmente o movimento conseguirá as 1.500 pessoas pretendidas, a porta-voz disse que o movimento já conseguiu "um debate público à volta da necessidade de fazer resistência civil" para salvar o futuro.

Alice Gato esclareceu que os ativistas sentem que estão a ser ouvidos pela sociedade, mas "não tanto" como gostariam.

"Não houve nenhuma resposta do Governo relativamente às nossas reivindicações: fim aos combustíveis fósseis até 2030 e 100% eletricidade renovável e acessível até 2025. O Governo está a ignorar isto", sublinhou.

A ativista criticou também a direção da FPUL, dizendo que a direção da faculdade está a ignorar a greve de fome de duas alunas.

Nos últimos meses, estudantes ativistas têm ocupado várias escolas e faculdades em Portugal em protesto às alterações climáticas.

No final do mês passado, ativistas pelo ambiente prometeram intensificar protestos e envolver mais estabelecimentos de ensino na luta. Também em abril, três jovens do movimento “Fim ao Fóssil” interromperam a sessão de abertura dos 50 anos do Partido Socialista e, em protesto, Baixaram as calças perante uma sala onde se encontrava o primeiro-ministro na primeira fila. Os jovens tinham escrita a palavra: Ocupa e gritaram "Não há Plano B"- uma frase que tem sido associada aos protestos climáticos.

Em março, apoiantes do movimento “Parar o Gáspintaram de amarelo as paredes da sede da EDP, em protesto contra os lucros registados pela empresa em 2022 - um ano que, segundo os ativistas, foi “marcado pela seca extrema causada pelas alterações climáticas" e pelo "aumento das contas da casa e preços da comida”.

“Este ano empresas fósseis por todo o mundo bateram lucros recorde. Através do aumento do preço do gás que levou à subida dos preços de energia, comida, habitação e taxas de juro, as petrolíferas conseguiram empurrar-nos ainda mais para o colapso climático e encher as carteiras dos acionistas como nunca. A atual crise do aumento do custo de vida é resultado da ganância sem fim destas empresa”, denunciam os ativistas.