André Ventura avisa os autarcas do Chega que serão expulsos do partido se fizerem algum acordo com o PS ou a CDU, numa conferência de imprensa, esta quarta-feira, em Lisboa, admitindo, contudo, entendimentos pontuais com o PSD, desde que cumpridos quatro princípios, incluindo um plano específico para a comunidade cigana.
Depois das voltas da campanha, a direção nacional do Chega sobe o tom da mensagem e o aviso mais duro é para dentro do próprio partido.
"Seremos implacáveis, ao nível disciplinar. Qualquer vereador, deputado ou membro de freguesia que decida viabilizar executivos, nomeadamente, socialistas e comunistas, estará a fazê-lo em violação grave dos seus deveres, e pode ir para a frente, mas não será com o aval do Chega, e os que o fizerem serão expulsos do partido", diz Ventura.
Em relação ao PSD, a porta fica entreaberta nos concelhos onde os vereadores do Chega podem ser decisivos, como em Santarém, por exemplo, mas também há uma posição de força que André Ventura quer mostrar a Rui Rio.
"Isto fica como aviso para um futuro Governo: nós não vamos ceder. Para haver qualquer acordo de soluções pontuais, acordos locais, o PSD tem de cumprir quatro exigências: o acordo da prevenção da corrupção, a redução da subsidiodependência a metade até final do mandato, um complemento solidário de idosos e um plano de acompanhamento da etnia cigana para garantir o cumprimento das regras do Estado de Direito. Está completamente fora de causa qualquer acordo nacional com o PSD de Rui Rio", acrescenta.
Ventura diz que não quer expulsar os ciganos do país, mas que há problemas que têm de ser resolvidos e, para isso, até admite passar por cima da Constituição.
"É-me relativamente indiferente que isto seja constitucional ou não, isto é um problema para as populações. Identificar problemas em que as mulheres são retiradas da escola, em que há casamentos forçados, em que há um excesso de subsidiodependência, em que há famílias a receber subsídios de duas câmaras porque têm morada em municípios vizinhos, portanto, há aqui um problema específico", termina.
Para avisar, presencialmente, os autarcas do Chega das regras para o futuro, o partido vai realizar uma convenção autárquica no próximo fim-de-semana, onde Ventura admite estar preparado para ouvir os críticos.