Cimeira do Clima

Novo rascunho de acordo na COP26 recua no apelo ao fim do uso de combustíveis fósseis

A nova proposta inclui duas palavras que suavizam o apelo ao fim do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis.

Novo rascunho de acordo na COP26 recua no apelo ao fim do uso de combustíveis fósseis
Alastair Grant / AP

Um novo rascunho de acordo da Cimeira do Clima das Nações Unidas publicado esta manhã suaviza a linguagem sobre a eliminação do uso dos combustíveis fósseis.

Para tentar chegar a um acordo entre as quase 200 nações presentes em Glasgow, os negociadores recuam no apelo para acabar rapidamente com todo o uso de carvão e para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis.

A proposta do presidente da COP26 divulgada hoje pede aos países que acelerem "a eliminação progressiva da energia do carvão e os subsídios ineficientes para os combustíveis fósseis".

A versão de quarta-feira exortava os países a “acelerar a eliminação do carvão e os subsídios aos combustíveis fósseis”.

Embora esta última proposta do presidente da COP26 tenha ainda se ser submetida a mais negociações, é notória a pressão dos produtores de petróleo e gás sobre a anterior formulação de "acelerar a eliminação dos combustíveis fósseis".

A questão de como lidar com o uso contínuo de combustíveis fósseis responsáveis por grande parte do aquecimento global tem sido um dos principais pontos de conflito nas negociações das duas últimas semanas.

Os cientistas concordam que é necessário deixar de utilizar combustíveis fósseis o mais rapidamente possível para cumprir a meta do acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC. Mas incluir explicitamente tal apelo na declaração final é politicamente muito sensível.

Financiamento para a adaptação às alterações climáticas

Outra questão crucial é a da ajuda financeira aos países pobres para lidar com as alterações climáticas. As nações ricas falharam no compromisso de 100 mil milhões de dólares por ano até 2020, o que provocou indignação entre os países em desenvolvimento que estão nas negociações.

Este rascunho reflete essas preocupações, expressando “profundo pesar” pelo facto de a meta de 100 mil milhões de dólares/ano não ter sido atingida e apela aos países ricos a aumentarem a ajuda financeira.

"Ainda há muito trabalho para fazer": falta de consenso pode adiar o fim da COP 26

A conferência do clima está marcada para terminar hoje, mas a falta de consenso sobre o texto final deverá prolongá-la pelo fim de semana.

O presidente da COP26, Alok Sharma, reconheceu na quinta-feira, em conferência de imprensa, que ainda não havia acordo sobre "questões mais críticas" para se chegar a um texto consensual.

"Ainda há muito trabalho para fazer e a COP 26 está programada para encerrar no final do dia de amanhã [sexta-feira]. O tempo está a esgotar-se", avisou na altura, salientando que se estava longe de finalizar questões muito críticas.

As consequências do aumento da temperatura no mundo

O acordo sobre o clima alcançado em 2015, e assinado pela quase totalidade dos países do mundo, visa limitar o aquecimento global abaixo dos 2°C e se possível abaixo de 1,5°C em relação à era pré-industrial. Esse meio grau centígrado de diferença pode mudar tudo.