Coronavírus

Austrália pede aos cidadãos para não viajarem para o estrangeiro

Os australianos que regressem ao país terão de cumprir um período de quarentena de 14 dias.

Scott Morrison, primeiro-ministro australiano.
Scott Morrison, primeiro-ministro australiano.
Loren Elliott/ Reuters

A Austrália apelou hoje aos seus cidadãos para não viajarem para o estrangeiro e anunciou medidas sem precedentes para contrariar a pandemia do novo coronavírus.

Numa conferência de imprensa, em Sydney, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, tinha falado de uma "proibição por um período indeterminado" das viagens para o estrangeiro, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

Mas o conselho oficial publicado pelo Governo, que elevou o nível de alerta, num total de quatro níveis, para quatro é: "Não viaje para o estrangeiro nesta altura", esclareceu agora a AFP.

Na página oficial do Governo australiano de recomendações aos viajantes, o alerta é de "crise" e o conselho em relação à Covid-19 e a viagens é claro: "Não viaje para o estrangeiro nesta altura. Se pretende regressar a casa, faça-o o mais depressa possível".

"Qualquer que seja o vosso destino, a vossa idade ou o vosso estado de saúde, aconselhamos a não viajarem nesta altura", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros australiano, no alerta emitido.

Scott Morrison pediu aos australianos para não viajarem para o estrangeiro para atrasar a propagação do coronavírus SARS-CoV-2.

“Se retardarmos a disseminação [da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2)], salvaremos vidas. Não vão para o exterior. Esta instrução é muito clara”, disse.

O Governo australiano sublinhou que há cada vez mais países com fronteiras fechadas ou que introduziram restrições a viagens, o que torna viagens complexas e difíceis, podendo impedir australianos de regressar caso necessitem.

Na mesma conferência de imprensa, Morrison anunciou que a proibição concentrações no interior de mais de 100 pessoas, depois de já terem sido proibidos eventos no exterior com mais de 500 pessoas.

"Este é um acontecimento que ocorre uma vez em 100 anos", afirmou o responsável sobre a pandemia. "Não víamos este tipo de coias na Austrália desde o fim da Primeira Guerra Mundial", salientou.

"A Austrália vai continuar a funcionar, (mas) não será parecido com a normalidade", alertou Morrison, ao avisar que estas medidas se iam prolongar por pelo menos seis meses.

Veja também:

A Austrália registou mais de 500 casos de infeções pelo novo coronavírus, e cinco mortos.

O número de casos novos está a aumentar todos os dias e a maioria das novas infeções é identificada em pessoas que viajaram e em contactos próximos destes.

As duas principais transportadoras aéreas australianas, Qantas e Virgin Australia, reduziram os voos internacionais em 90% e 100%, respetivamente.

No entanto, Morrison rejeitou os apelos crescentes para o encerramento de escolas, centros comerciais e médicos, bem como para a suspensão dos transportes públicos.

As repercussões destas medidas na sociedade seriam "severas" e custariam "dezenas de milhares de empregos", argumentou.

"Independentemente do que fizermos, devemos fazê-lo durante pelo menos seis meses", declarou. Morrisson acrescentou que uma suspensão tão alargada das aulas afastaria 30% dos profissionais de saúde dos postos, uma vez que os pais teriam de ficar em casa com os filhos.

O principal responsável médico australiano, Brendan Murphy, também excluiu medidas de isolamento, impostas em vários países europeus e do mundo. "Uma paragem a curto prazo, de duas a quatro semanas, da sociedade não é recomendada por nenhum dos nossos peritos", declarou.

"Não serve para nada, devemos concentrar-nos no longo prazo", sublinhou Murphy, que falou ao lado do primeiro-ministro australiano.

Scott Morrison pediu ainda à população para não correr aos supermercados e fazer açambarcamentos: "Parem de fazer isso. É ridículo! É anti-australiano e deve parar. Estamos todos no mesmo barco".

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.

Mapa interativo mostra em tempo real os países afetados pelo coronavírus

A Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criou, em conjunto com outras entidades, um mapa interativo que permite acompanhar a evolução do coronavírus no mundo.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, o Irão, com 988 mortes (16.169 casos), a Espanha, com 491 mortes (11.178 casos) e a França com 148 mortes (6.633 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.