O Presidente do Colégio de Medicina Intensiva da Ordem dos Médicos considerou que não vai haver, para já, um alívio no número de doentes internados em cuidados intensivos, acrescentando que registam apenas uma ligeira desacelaração do crescimento.
Em entrevista na Edição da Noite, lembrou que há agora 480 camas de medicina intensiva para doentes não Covid, menos do que nos invernos anteriores quando não havia uma pandemia. No entanto, disse que acredita serem suficientes, uma vez que prevê uma diminuição de gripes e de infeções respiratórias este inverno, devido a "algum confinamento, a usarmos máscara e ao distanciamento físico".
José Artur Paiva, também intensivista no Hospital de São João, explicou que é fundamental haver um planeamento, referindo-se a suspender toda a atividade não prioritária.
"A priorização não é entre dois doentes críticos, é favorecer o doente crítico e ser capaz de diferir a atividade não prioritária", explicou, acrescentando que a solução não passa por transformar camas de outros doentes críticos em camas para doentes Covid.
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O médico falou também do dever da equidade para as taxas de ocupação serem mais iguais ao longo do país, em vez de concentradas na região Norte e em Lisboa e Vale do Tejo. Referia-se à transferência de doentes de regiões mais críticas para regiões com menor sobrecarga.
"A pandemia é um um desafio de tal dimensão que exige que a nossa resposta seja à escala nacional e não apenas à escala regional", disse.
Sobre as medidas de confinamento, considera-as "absolutamente essenciais": "A solução decorre com a redução da transmissão viral e não da capacitação de resposta, que é finita".
José Artur Paiva adiantou ainda na Edição da Noite que Hospital de São João tem 67 doentes críticos com Covid-19 e continuam a tratar cerca de 50 doentes não Covid.