O Governo sueco anunciou esta segunda-feira que fechou a sua fronteira com a Dinamarca, alegando motivos de saúde, já que foram detetados casos da nova estirpe do coronavírus na Dinamarca.
O principal objetivo do encerramento da fronteira entre os dois países vizinhos é impedir que os dinamarqueses façam compras na Suécia, já que as lojas estão fechadas no lado dinamarquês, explicou o ministro do Interior sueco, Mikael Damberg, em conferência de imprensa.
A Dinamarca é um dos países onde foi identificada uma mutação do coronavírus SARS-CoV-2, inicialmente identificada no Reino Unido e apresentada como mais contagiosa.
As autoridades britânicas alertaram, no sábado, a Organização Mundial da Saúde sobre a descoberta de uma nova variante do SARS-CoV-2, que é mais facilmente transmissível, embora não haja provas de que seja mais letal ou que possa ter impacto na eficácia das vacinas desenvolvidas.
Onde é que já foi identificada?
Além do Reino Unido e da Dinamarca, a variante do coronavírus já foi identificada em locais tão diferentes como a Bélgica, Gibraltar (território britânico situado no extremo sul de Espanha e reivindicado por Madrid), os Países Baixos, a Itália, a África do Sul ou a Austrália.
"Esta variante não se limita ao Reino Unido, já foi detetada em outros lugares do mundo, entre os quais nos Países Baixos e na Bélgica", declarou o porta-voz da equipa técnica belga responsável pelo combate contra a covid-19, o virologista Yves van Laethem.
O virologista lembrou que esta variante do SARS-CoV-2 é conhecida "desde o mês de setembro" e que atualmente representa "60% das novas infeções no Reino Unido".
"Existem outras estirpes que circulam no nosso país e em outros países (...). É totalmente normal que as variantes apareçam" e que "acabem por se tornar dominantes", prosseguiu o especialista, realçando que, até ao momento, não está totalmente comprovado se esta estirpe se transmite com mais facilidade.
"Ainda temos de esperar para ter um certo número de dados para ver se é realmente mais contagiosa", afirmou Yves van Laethem.
"Em qualquer caso, nada nos mostra que seja mais violenta, mais agressiva ou mais perigosa para a nossa saúde. Nada nos mostra que as vacinas não nos darão imunidade contra a doença covid-19 marcada por esta variante", acrescentou o virologista belga.
Na sequência da identificação desta nova variante do SARS-CoV-2, diversos países, dentro e fora da Europa, decidiram suspender as ligações, nomeadamente aéreas, com o Reino Unido, uma lista que tem vindo a aumentar nas últimas horas.

OMS garante que "não está fora de controlo"
A nova variante do coronavírus descoberta no Reino Unido, "não está fora de controlo", disse esta segunda-feira o responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela área das emergências sanitárias.
"Tivemos um R0 (taxa de reprodução do vírus) muito superior a 1,5 em momentos diferentes durante esta pandemia e controlámos isso. Esta situação não está, portanto, fora de controlo", disse Michael Ryan em conferência de imprensa.
O especialista da OMS reforçou que não existem indícios científicos de que a nova estirpe do coronavírus identificada no Reino Unido cause uma infeção mais grave ou afete a eficácia dos testes de diagnóstico e das vacinas.
As declarações do especialista contrastam com as palavras do ministro britânico da Saúde, Matt Hancock, que disse no domingo que "a nova estirpe do coronavírus estava fora de controlo".
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