O Ministério da Saúde questionou a Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a necessidade de revisão das medidas de prevenção contra a covid-19 face à proliferação de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 em Portugal, revelou esta segunda-feira a ministra Marta Temido.
"Ontem mesmo dirigimos uma questão à Direção-Geral da Saúde sobre essas medidas de saúde pública e em que medida podem elas precisar de ser adaptadas. Não há ainda recomendações adicionais concretamente sobre a questão das máscaras ao nível do Centro Europeu de Controlo de Doenças e temos sempre alinhado as nossas posições com as recomendações internacionais. Estamos muito atentos e logo que haja alguma informação que coloque alguma necessidade de adaptação, fá-lo-emos", afirmou.
Em declarações após uma reunião com a taskforce coordenadora do plano de vacinação contra a covid-19, Marta Temido lembrou a "prevalência significativa de circulação da variante inglesa" e a identificação de "um caso de variante sul-africana" no país, considerando essa situação "muito preocupante" por indiciar que Portugal "esteja a ser mais atacado por esta nova variante do que outros" países.
"Aquilo que é recomendado quanto a este tema é a máxima prudência. Este vírus não tem parado de nos surpreender e de nos surpreender negativamente, de colocar novas angústias e novos problemas. É essencial que todas as medidas de saúde pública continuem a ser cumpridas", sublinhou.
As variantes que já circulam em Portugal
Neste momento, são quatro as variantes mais predominantes do novo coronavírus. Três delas já estão em Portugal. Além da estirpe mais comum, e da britânica, por cá já foi identificada também a variante da África do Sul.
Para já, há apenas um único caso confirmado e estão a ser tomadas todas as precauções para tentar quebrar a cadeia de transmissão da covid-19 associada à variante genética da África do Sul.
Importa sublinhar que todos os dados conhecidos sobre esta estirpe são, ainda, experimentais, mas indicam que pode haver uma diminuição da eficácia da resposta imunitária.
O mesmo problema é colocado pela mutação brasileira. Ainda assim, os especialistas acreditam que a proteção das vacinas que estão a ser administradas, não vai ser seriamente afetada.
Do Reino Unido, surgiu esta sexta-feira a notícia de que a variante britânica está associada a uma mortalidade até 30% superior à estirpe original, mas a informação revelada pelo primeiro-ministro do país é baseada em dados preliminares e não está a ser bem recebida pela comunidade científica.
Alarmes à parte, o certo é que os especialistas continuam a insistir que a melhor forma de se quebrarem as cadeias de transmissão de qualquer das variantes é com o cumprimento das regras de segurança. Usar a máscara, manter o distanciamento social e ficar em casa sempre que possível.
- Vacinação de bombeiros, forças de segurança e titulares de órgãos de soberania começa na próxima semana
- Covid-19. Ministra da Saúde anuncia novidades sobre o Plano de Vacinação
Situação nos hospitais do SNS é "evidente e preocupante"
Sobre o panorama atual nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, Marta Temido admitiu que "a situação de sobre-esforço é real, evidente e preocupante", apelando para o "esforço de todos para vencer este momento crítico" da pandemia, sem deixar de assegurar que as estruturas hospitalares vão continuar a fazer a afetação de recursos à resposta à covid-19.
"Continuamos a fazer o trabalho de procurar o alargamento de respostas, mas isso não invalida a elevada pressão que todos os profissionais e todas as estruturas hospitalares têm manifestado nos últimos dias. Os hospitais escalaram ao máximo os seus planos de contingência e ultrapassaram já muito aquilo que eram os níveis máximos dos planos de contingência na grande maioria dos casos", explicou.
Marta Temido garantiu ainda que o ministério da Saúde continua a "trabalhar com outros operadores no sentido de melhorar a resposta", indicando que as unidades privadas estão a tentar abrir mais camas do que as que já tinham sido convencionadas, sobretudo para casos que necessitem de cuidados intensivos.
Receio das novas variantes faz aumentar restrições na Europa
A Alemanha está a diminuir a curva de contágios, mas quer travar a entrada no país das novas variantes do vírus. Quem quer entrar entrar no país precisa de ter um teste negativo à covid-19.
Também a Bulgária vai obrigar a um teste negativo para quem quiser entrar no país, incluindo passageiros da União Europiea.
Já França poderá ter o terceiro confinamento, se o recolher obrigatório às 18:00 não fizer baixar o número de infeções.