O Ministério Público prossegue com o trabalho de pesquisa para a investigação de abusos na distribuição da vacina contra a covid-19. Até segunda-feira, tinham sido abertos nove inquéritos por suspeita de vacinação indevida.
O primeiro caso suspeito aconteceu em Reguengos de Monsaraz, no lar onde, há seis meses, morreram 18 pessoas. O presidente da Câmara e, por inerência, do lar fez-se fotografar a receber a vacina e publicou a fotografia.
O caso não está, por enquanto, entre os alvos de inquérito do Ministério, mas foi censurado pelo coordenador do Plano Nacional de Vacinação que disse que a vacina deve ser administrada aos profissionais dos lares e não aos dirigentes.
Desde então têm-se repetido casos de dirigentes de lares e Misericórdias que foram vacinados em aparente violação das prioridades estabelecidas. A maioria invoca contactos diretos com os utentes.
Mas não é só nas Misericórdias a toma indevida das vacinas acontece. Os inquéritos em curso incluem, entre outros, o caso do hospital Narciso Ferreira de Riba de Ave, no concelho de Famalicão, o caso do INEM e ainda o da Segurança Social de Setúbal.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) fez saber que o trabalho de pesquisa prossegue envolvendo vários outros casos suspeitos que podem dar origem a novos inquéritos.
Quem se provar ter violado a prioridade no acesso à vacina pode incorrer na prática de um crime de recebimento indevido de vantagem e peculato, caso seja funcionário público, ou de burla, se for um cidadão comum. A pena pode chegar aos oito anos de prisão.
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