Coronavírus

Nova análise à vacina da AstraZeneca estará concluída na quinta-feira

Regulador mantém a convicção de que os benefícios são muito superiores aos riscos.

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A Agência Europeia de Medicamentos conclui esta quinta-feira a nova análise à vacina da AstraZeneca. O regulador mantém a convicção de que os benefícios são muito superiores aos riscos.

O regulador europeu explica que, numa campanha de vacinação de dimensão mundial, é inevitável haver efeitos secundários, ainda que raros. Mas assegura que não há evidências de que foi mesmo a vacina a provocá-los. Garante que a prioridade é a segurança e por isso está a avaliar minuciosamente cada um dos casos suspeitos.

Já a Organização Mundial da Saúde reuniu-se esta terça-feira para analisar potenciais riscos e insiste que não razões para alarme.

Portugal espera que estados-mebros retomem administração da vacina "a curto prazo"

A presidência portuguesa da União Europeia (UE) espera que os países europeus que suspenderam "temporária e provisoriamente" o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, após efeitos secundários em vacinados, retomem a administração "a curto prazo".

"Todos os Estados-membros que optaram por fazer esta suspensão temporária e provisória referiram a sua preocupação em conhecer os resultados da avaliação em curso, que terminará na quinta-feira, e o seu interesse em alinhar posições com a decisão que resulte desses estudos", declarou a ministra portuguesa da Saúde, Marta Temido.

Falando em representação da presidência portuguesa na conferência de imprensa após a reunião virtual dos ministros de Saúde da UE, Marta Temido apontou que os países que optaram por esta interrupção do uso da vacina da AstraZeneca "sublinharam ter-se tratado de uma suspensão provisória [...] em resultado de casos de vários países, que os peritos europeus e nacionais estão a analisar cuidadosamente".

"Esperamos que se retome a curto prazo", adiantou a governante portuguesa, dizendo também esperar que a suspensão seja de "apenas alguns dias".

Gouveia e Melo confiante na recuperação do tempo

O coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, Henrique Gouveia e Melo, evitou expressar a sua posição sobre a suspensão temporária da administração da vacina da AstraZeneca, mas manifestou-se confiante em retomar o processo de vacinação em cinco ou seis dias.

"Se a pausa não for muito prolongada, retomaremos o ritmo que estávamos a ter com a vacina da AstraZeneca e recuperamos muito rapidamente esta pausa, que é uma pausa de cinco, seis dias... o que for necessário para se esclarecer a dúvida que existe neste momento", disse em entrevista à agência Lusa o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Relativamente à decisão da suspensão da vacina disse: "Não tenho de estar de acordo, nem deixar de estar de acordo. É uma decisão de duas autoridades: a autoridade de saúde, que é a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a autoridade do medicamento, que é o Infarmed. A minha função, enquanto coordenador do plano, é adaptar o plano às circunstâncias que existem neste momento", afirmou, acrescentando: "Tenho de respeitar as orientações desses órgãos".

Questionado sobre a mudança em apenas 24 horas da decisão de DGS e Infarmed sobre a segurança da continuidade da administração da vacina desenvolvida pelo laboratório sueco e a Universidade de Oxford, o coordenador da 'task force' defendeu que a explicação cabe a essas duas autoridades.

"Não sou eu que tenho de explicar isso. Quem tem de explicar é a DGS e o Infarmed. No entanto, posso dizer que há uma instabilidade na informação e havendo instabilidade na informação e havendo novos dados, as decisões, muitas vezes, não podem ser mantidas. Mesmo que seja de um dia para o outro", observou.

Com cerca de 400 mil vacinas da AstraZeneca recebidas, 230 mil já administradas e 170 mil guardadas em armazém, o responsável pelo plano de vacinação manifestou a confiança num esclarecimento rápido da situação, que possa ocorrer "em cinco, seis dias" e respetiva retomada da vacinação nesse mesmo período.

Suspensão da administração da vacina

Esta posição surge depois de nas últimas horas vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração desta vacina após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com esta vacina.

Marta Temido insistiu que essa decisão de alguns Estados-membros foi tomada para "ganhar o tempo necessário para a EMA fazer a análise, que eles consideraram fundamental, sobre dúvidas que tinham".

"Tomaram as suas decisões e comunicaram-nas com transparência", vincou a responsável, notando estarem em causa "diferentes decisões", seja em termos da suspensão do uso de alguns lotes ou da interrupção da administração da vacina da AstraZeneca.

Presente na ocasião, a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, disse ser "muito importante que os cidadãos entendam que, em assuntos relacionados com segurança, [a UE] seguirá a indicação da EMA".