Coronavírus

Entrevista SIC Notícias

"Temos uma grande percentagem de alunos que não atinge os níveis mais elevados de desempenho"

O secretário de Estado da Educação fala sobre o estudo que mediu o impacto do ensino à distância nas aprendizagens.

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Um estudo do Instituto de Avaliação Educativa sobre o impacto do primeiro confinamento nas aprendizagens dos alunos foi esta segunda-feira divulgado. Os resultados falam em dificuldades em termos de literacia da ciência, matemática e leitura.

Cerca de 20% dos alunos do 3º ano disse ter dificuldade em aceder sempre a um sítio sossegado para estudar. Já 17% teve dificuldade em aceder a um computador, tablet ou telemóvel, e cerca de 15% à internet.

Questionado sobre as conclusões deste estudo, o secretário de Estado da Educação, João Costa, refere que alguns indicadores fazem disparar os alarmes.

"Temos uma grande percentagem de alunos que não atinge os níveis mais elevados de desempenho. Identificamos percentagens elevadas de alunos que não conseguem realizar tarefas de nível elementar", sublinhou.

A partir deste estudo serão tomadas decisões e um grupo de trabalho independente constituído por dez pessoas, entre eles diretores de escolas, também apresentará recomendações ao Governo até ao final do mês de abril.

Num entrevista à SIC Notícias, João Costa revelou que serão aplicadas provas de aferição a uma amostra significativa de alunos e que vão ser recolhidos dados junto dos professores de uma forma "mais sistemática".

As perturbações socio-emocionais dos alunos e a capacidade de estar na escola são dois fatores que preocupam o Governo.

"Vamos planear a recuperação tendo em conta variáveis e não abordagens simplistas. Será tido em conta o bem-estar social e emocional eas aprendizagens impeditivas de progressão", esclareceu o secretário de Estado

Quando confrontado com a sugestão do ex-ministro da Educação Nuno Crato de aferir o conhecimento de todos os alunos no regresso às aulas presenciais, João Costa respondeu que todas as sugestões são bem-vindas, mas acabou por descartar a opção, assim como rejeitou a possibilidade de haver uma repetição do ano letivo.

Em relação ao calendário escolar, o Governo não se mostrou aberto a novas mexidas.

"Sabemos que temos professores que vão precisar de descansar, temos alunos que vão precisar de brincar e de férias. As soluções têm que ser equilibradas", afirmou.