Coronavírus

Covid-19 em Portugal. Mortalidade deve aumentar nas próximas semanas

Atualmente, a mortalidade por covid-19 é considerada "elevada" no país.

Covid-19 em Portugal. Mortalidade deve aumentar nas próximas semanas
Octavio Passos

A mortalidade por covid-19 em Portugal é considerada elevada e pode mesmo aumentar nas próximas semanas, informou o relatório de monitorização das "linhas vermelhas" para a covid-19.

O relatório aponta a subida dos casos nas pessoas com mais de 80 anos como razão.

"Em 4 de agosto de 2021, a mortalidade por covid-19 registou um valor de 16,4 óbitos em 14 dias por 1 000 000 habitantes, valor superior ao limiar de 10,0 óbitos em 14 dias por 1 000 000 habitantes, definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC). Este indicador apresenta uma tendência crescente, que se poderá manter nos próximos dias, dado o aumento do número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 observado no grupo etário acima dos 80 anos", é acrescentado no documento.

Por outro lado, o documento refere que a pandemia está a perder força a nível nacional.

Cuidados Intensivos com "tendência estável a decrescente"

O número de internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) regista uma "tendência estável a decrescente", com redução de cinco pontos percentuais face à semana passada, informou o mesmo relatório.

Rui Caria

"O número de casos de COVID-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma tendência estável a decrescente, correspondendo a 77% (na semana anterior foi de 82%) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas. O maior número de internados observa-se atualmente na região de LVT [Lisboa Vale do Tejo] (106), onde foi ultrapassado o limiar crítico regional definido", refere o documento da Direção-Geral de Saúde (DGS) e do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA).

De acordo com o relatório, na quarta-feira registaram-se 196 doentes internados em UCI, dos quais 54% correspondem à região LVT, representando 103% do limite regional de 103 camas definido no documento.

O grupo etário com maior número internamentos em UCI é o dos 60 aos 79 anos, tendo-se registado, nesta última faixa, 88 novos casos na quarta-feira.

"Salienta-se o aumento mantido deste grupo etário, tendo ultrapassado o número de internados no grupo etário dos 40-59 anos", lê-se no relatório.

Atividade epidémica regista "tendência estável a decrescente"

Também a atividade epidémica do novo coronavírus SARS-CoV-2 regista "tendência estável a decrescente", apesar de se observar no Algarve uma incidência superior ao limiar de 480 casos em 14 dias por 100 mil habitantes, mas, no entanto, com uma redução de 15% em relação à última semana.

"Em 4 de agosto de 2021, a incidência cumulativa a 14 dias foi de 357 casos por 100 000 habitantes em Portugal, representando uma tendência decrescente", discrimina o relatório, assinalando o aumento da incidência na região do Alentejo, com 340 casos (mais 8% do que na semana passada).

O grupo etário com incidência mais elevada corresponde ao grupo dos 20 aos 29 anos (791 casos por 100 mil habitantes).

JOSE COELHO

Já a faixa etária de 80 ou mais anos revelou "uma incidência cumulativa a 14 dias de 168 casos por 100 000 habitantes, que reflete um risco de infeção inferior ao risco para a população em geral", mas "é o único grupo etário que apresenta um aumento em relação ao observado na semana anterior.

Este é o único grupo etário no qual se observa uma tendência crescente da incidência, podendo este crescimento vir a traduzir-se no aumento de internamentos em enfermaria e mortes nas próximas semanas".

No grupo de pessoas com 65 ou mais anos, é apresentada uma taxa de incidência cumulativa a 14 dias de 136 casos por 100 mil habitantes, valor inferior ao limiar definido de 240 casos por 100 mil.

Na passada quinta-feira, foi atingido o valor de 141 casos por 100 mil habitantes, apresentando uma tendência estável a decrescente.

A variante Delta representa mais de 98% das infeções.

R(t) desce em quase todas as regiões do continente

Em comparação com o último relatório, o valor médio do R(t) desceu em todas as regiões do continente, com exceção do Centro.

Pedro Nunes

"O número de reprodução efetivo, Rt, calculado por data de início de sintomas, para o período de 28 de julho a 1 de agosto de 2021, foi de 0,92 a nível nacional, bem como no continente. Observou-se um valor de Rt superior a 1 na região do Centro e Alentejo, indicando uma tendência ainda crescente da transmissibilidade e da incidência de infeção por SARS-CoV-2 / COVID-19. No continente, o valor mais elevado do Rt observou-se na região Alentejo (1,05)", adianta.

Na região Norte, o Rt desceu de 1,02 para 0,92, na região Lisboa e Vale do Tejo (LVT) de 0,94 para 0,87, e na região do Algarve, de 1,08 para 0,94, observando-se a subida na região Centro de 0,99 para 1,01, e na região do Alentejo uma estabilização ou ligeira redução de 1,05 para 1,05, tendência que se verifica há 60 dias.

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 17.440 mortes e 982.364 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2.