João Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, referiu na SIC Notícias que a novidade do relatório dos especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas é o ritmo do aquecimento global, que será provocador de fenómenos extremos. Fala ainda numa linguagem de "vida ou de morte".
O responsável reconhece que as conclusões surgiram no "momento certo, antes de novos compromissos", como por exemplo, a três meses da Conferência do Clima.
O relatório mostra de forma inequívoca que o clima está a mudar mais rapidamente do que se temia e que a culpa é das pessoas.
João Matos Fernandes diz que o compromisso com o combate às alterações climáticas é também uma questão política.
Questionado sobre o Presidente francês ter dito que terá de ser acordado um acordo ao "nível de emergência", Matos Fernandes diz que a Europa "está pronta" para assinar esse acordo.
"Temos de ter uma economia que cresça, mas que rejeite completamente os combustíveis fosseis, que regenere recursos e que caiba dentro dos limites do sistema da Terra. É isso que todos temos de fazer e muito depressa", afirma.
Sobre Portugal, o ministro do Ambiente afirma que o país é "mais um bom professor do que um bom aluno": "Portugal está a fazer aquilo que tem de fazer".
O responsável sublinha que o seu compromisso "é enorme", apesar de "não conseguir ser otimista" e defende que ainda "estamos a tempo de inverter o processo de aquecimento global".
"Portugal é o pais que mais sofre com as alterações climáticas", diz, acrescentando que vai existir "sempre" fogo num clima como o nosso.
O ministro garante ainda que a eletricidade em Portugal vai deixar de ser produzida a partir do carvão ainda este ano.
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Terra está a aquecer e mais depressa do que o esperado
A Terra está a aquecer e mais depressa do que o esperado. Fenómenos como as secas, as chuvas torrenciais e o aumento do nível do mar são inevitáveis nas próximas décadas. O homem é o principal responsável e tem de agir se queremos evitar um futuro catastrófico.
Esta é a primeira avaliação abrangente do clima desde 2014, realizada por mais de 230 cientistas, de 66 nacionalidades, com base em 14.000 estudos publicados.
Segundo os cientistas e ativistas do painel mundial, apenas uma fração do aumento da temperatura pode ser atribuído, desde o século XIX, a causas naturais.
Os especialistas traçam cinco cenários, mas avisam, desde já, que muitos efeitos do aquecimento global vão perdurar "séculos ou milénios", faça-se o que se fizer.
Face às imagens de inundações e incêndios que fazem as manchetes em todo o mundo, as novas previsões climáticas, anunciadas três meses antes da Conferência do Clima COP26, são alarmantes, mas não foram propriamente uma surpresa para ninguém.